Os tordo acordam e adormecem à mesma hora. Todos os dias.
Adormecem quando escurece e acordam de madrugada, aos primeiros raios de sol, com a barriga a dar horas.
Chegam aos bandos, de guardanapo posto, sob o lusco-fusco. E, à chamada do guia, entram de rompante no olival.
Convém ter os olhos bem abertos, porque a luz é mínima. Só o bastante para distinguir as azeitonas.
E é aqui, que a "sincronia" falha...
A véspera, em Trancoso, com lascas de bacalhau e arroz de pato, mais a sardinha doce e o requeijão com abóbora, regados a um tinto "cego" com "aroma" a bairrada, "madeira" de "Porto Santo" e "corpo" quiçá de um dos 3 hectares que restam de "Carcavelos", revelado por fim, num verde tinto, arrastou-se...mais a estratégia: fundamental! Sem estratégia é impossível. É preciso definir as linhas, demarcar os espaços.
Enquanto isso, os tordos dormem e sonham: com as azeitonas.
Mais o tempo perdido a alimentar os cães. Uns animais que não comem lascas de bacalhau. E, o necessário para encontrar um hotel rural, num desvio inexistente, perto de nenhures...
De manhã o pequeno almoço de ovos mexidos e bôla, quando não de sopa...
O que vale é que os tordos têm sempre tendência a subir com o clarear do dia. Sobem, sobem, até se transformarem em pontos negros no horizonte, a salvo da linha de fogo. Enquanto que as perdizes, essas, descem. Descem batidas pelos cães. Trotam pelos socalcos, até terrenos impossíveis, de pedras soltas e lama.
Resta o Côa e a quietude, que cala tudo, por ali abaixo.
George Sand (texto dedicado à Real Confraria de Sto. Humberto)
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