segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Túlipas Holanda

O arco irís, debaixo do céu.

Camélias

São a minha memória. Com elas encontro e reencontro os recantos de quase  todos os lugares por onde passei - as montras das floristas.
Conheço-as de cor.
De vez em quando, sonho com elas. Consigo mesmo fazer arranjos pela noite dentro: de pétalas e de luar.
Quando tenho a sorte de voltar a uma mesma cidade, a um mesmo lugar, procuro por elas. E mais uma vez deixo que me invadam os sentidos, para depois, recordar.
Viajo sempre com flores na minha ou noutras cidades.




No dia mais importante da minha vida

No dia mais importante da minha vida, vou sonhar devagar.
Nem sei se quero acordar, ou ficar ali, a deixar entardecer as cores e alagar os silêncios, no meio do mar.
Se os sorrisos vierem, vai ser bom.
Se o sol aparecer também.
Só não consigo perceber que dia é esse, para procurar uma respiração compassada, que me faça ficar ali, no dia mais importante de todos os dias, que têm, forçosamente que acontecer.


George Sand

Cairo

Quanto a isto, não há novidade. Segundo a agência Lusa, " o Cairo é a capital egípcia" só não sabemos...exactamente onde está...pois.
Vou beber o meu chá, comer uns duchesses (com dois esses) e pergunto. Pode ser que na Versailles (com dois eles) me esclareçam. Não me atrevo é a pedir húngaros

Isto começa a correr francamente mal...

Última notícia da agência Lusa:

"Egipto: Governo apela a todos os portugueses para contactarem a Embaixada
31 de Janeiro de 2011, 14:36
O Governo português apelou hoje a todos os portugueses que estejam no Egito que entrem em contacto com a embaixada portuguesa no Cairo, disse à Lusa fonte do gabinete do secretário de Estado das Comunidades."

Depois de ter sido noticiado que, avião C 130 da força aérea, iria em direcção ao Cairo, Egipto, sai a notícia supra...relacionada com o mesmo Egipto, em que o governo apela a todos o portugueses que se encontram, desta feita no Egito, que entrem em contacto com a embaixada...não fui eu, foram eles, os jornalistas.
Estão a ver no que dão os acordos ortográficos, estão?

SADAT KILL

Quem são os EGITIOS?

O Governo Português, com uma réstia de bom senso, que sobrou, quiça, do natal, prepara-se para evacuar os cidadãos portugueses do Egipto, num avião da força aérea.
Quem estiver no EGITO, fica com os EGITIOS, porque o avião, não passa lá!

Escreve-se: O EGIPTO!

É o EGIPTO ok?!
Não é o EGITO.
O EGITO será um nome qualquer, que alguém inventou, algures. Como Rosineine ou Clariluce. Ou ainda, mais recentemente Lyonce....essa mesma! (sempre quero ver se a conservatória vai nisso)
É o Oswaldo Egito, pronto. Oswaldo do pai e Egito do avô materno.
Metade das televisões, jornais e blogues "modernos" optam pelo EGITO. Deve ser porque lá, moram os EGÍTIOS, ou EGÍCIOS, que nunca ninguém viu.
Aqui só se conhecem os EGÍPCIOS, que são naturais do EGIPTO.
Se quiserem ir até ao EGYPTO, eu até deixo.
Agora, assim que vir EGITO, abalo e a toda a velocidade. É que nem leio mais uma linha!!! Marimbo-me para as pirâmides, para as múmias, para os túmulos, para as escaramuças...
E escusam de me vir com histórias: Neste blogue, brasileirês não entra! Se os jornalistas se querem virar para a "confecão" (que é uma espécie de "fatos" em estilo capinhas para cão, sem cês e sem cedilhas) é lá com eles.
O Facto é que aqui, neste espaço de liberdade da "je", é O EGIPTO.
Siga a marinha!

domingo, 30 de janeiro de 2011

Ute Lemper

Um tesouro da Humanidade



O museu Egípcio do Cairo

E o museu?

Depois de ver as imagens que passam nos noticiários, a pergunta impõe-se: o Museu Egípcio do Cairo, como está?
Há uns tempos, a mesma pergunta, feita ao enviado da RTP a Bagdade, originou uma reportagem .Onde estavam e como estavam as peças? Qual a segurança de um património como este?
Agora o Egipto...
Cerca de 130.00 peças e todo o tesouro de Tutankamon, estão ali...





George Sand

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Passos

Passamos rápido nos caminhos da vida. Quase sem olhar a nada. Um ou outro relance é o que basta para tropeçarmos o menos possível, nessa voracidade desmedida, com o tempo cronometrado, a correr sem freio nem direcção.
Um dia, por força de circunstância qualquer, abrandamos . Ficamos então a escutar o silêncio. A arrumar as cores. A respirar os tons de todas as flores. E começamos, lentamente, por fim, a subir os degraus. Um a um, do resto das nossas vidas.

George Sand

Água

Sussura-me transparências ao ouvido, com as mãos em concha.
Deixa mergulhar o tempo.
Flutuar o riso,
Embalado,
Numa gota que passa...

George Sand

(fotografia de Mário Castello)

Circulemos...

Contribuinte - Gostava de comprar um carro.
Estado - Muito bem. Faça o favor de escolher.

Contribuinte - Já escolhi. Tenho que pagar alguma coisa?
Estado - Sim. De acordo com o valor do carro (IVA)

Contribuinte - Ah. Só isso?!
Estado – Sim. E mais o imposto automóvel (IA)

Contribuinte – Dois impostos sobre a mesma coisa?
Estado – Quer comprar um automóvel, não é? Então paga Imposto Automóvel. Qual é a dúvida?

Contribuinte – Ah!
Estado - E uma "coisinha" para o pôr a circular (selo)

Contribuinte - Ah!
Estado - E mais uma coisinha na gasolina necessária para que o carro efectivamente circule (ISP)

Contribuinte - Mas sem gasolina eu não circulo.
Estado - Eu sei.

Contribuinte - Mas eu já pago para circular.
Estado - Claro.

Contribuinte - E vai cobrar-me pelo valor da gasolina?
Estado - Também. Mas isso é o IVA. O ISP é outra coisa diferente.

Contribuinte - Diferente?
Estado - Muito. O ISP é porque a gasolina existe.

Contribuinte - Porque existe?
Estado - Há muitos milhões de anos os dinossauros e o carvão fizeram petróleo. E você paga.

Contribuinte - Só isso?
Estado - Só. Mas não julgue que pode deixar o carro assim como quer.

Contribuinte - Então?
Estado - Tem que pagar para o estacionar.

Contribuinte - Para o estacionar?
Estado - Exacto.

Contribuinte - Portanto pago para andar e pago para estar parado?
Estado - Não. Se quiser mesmo andar com o carro precisa de pagar seguro.

Contribuinte - Então pago para circular, pago para conseguir circular e pago por estar parado?
Estado - Sim. Nós não estamos aqui para enganar ninguém. O carro é novo?

Contribuinte - Novo?
Estado - É que se não for novo tem que pagar para vermos se ele está em condições de andar por aí.

Contribuinte - Pago para você ver se pode cobrar?
Estado - Claro. Acha que isso é de borla? Só há mais uma coisinha...

Contribuinte - Mais uma coisinha?
Estado - Para circular em auto-estradas

Contribuinte - Mas eu já pago imposto de circulação.
Estado - Mas esta é uma circulação diferente.

Contribuinte - Diferente?
Estado - Sim. Muito diferente. É só para quem quiser.

Contribuinte - Só mais isso?
Estado - Sim. Só mais isso. Paga 25 euros.

Contribuinte - E acabou?
Estado - Sim. Depois de pagar os 25 euros acabou.

Contribuinte - Quais 25 euros?
Estado - Os 25 euros que custa pagar para ter uma coisa para andar nas auto-estradas.

Contribuinte - Mas não disse que as auto-estradas eram só para quem quisesse?
Estado - Sim. Mas todos hão-de pagar os 25 euros.

Contribuinte - Quais 25 euros?
Estado - Os 25 euros que custa essa coisa.

Contribuinte - Custa o quê?
Estado - Pagar.

Contribuinte - Custa pagar?
Estado - Sim. Pagar custa 25 euros.

Contribuinte - Pagar custa 25 euros?
Estado - Sim. Paga 25 euros para pagar.

Contribuinte - Mas eu não vou circular nas auto-estradas.
Estado – Isso é o que você pensa. Imagine que um dia quer... tem que pagar!

Contribuinte - Tenho que pagar para pagar, porque um dia posso querer?
Estado - Exactamente. Você paga para pagar o que um dia pode querer.

Contribuinte - E se eu não quiser?
Estado - PAGA MULTA. 

(recebido por e-mail)

Vinícius canta "Saudades do Brasil em Portugal " - Em Casa de Amália

Estragou-se...


Velhinho de tantos anos...com aquele som inconfúndivel dos discos de vinil. Riscados, usados, limpos com uma camurça...estragou-se.
A última agulha, comprei-a numa loja, ali para os lados do coliseu. Dessas, que vendem relíquias. Não era ainda o tempo do vinil voltar a ser moda...mas para mim, nunca tinha deixado de o ser.
Hoje cansou-se e, deixou de funcionar.Precisamente no dia em que Vinicius visitava Amália...


George Sand

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O Sr. Presidente da República abdica do vencimento

O Sr. Presidente da República numa atitude altruísta, que só lhe fica bem, abdica do vencimento...mas e a Dóna Maria, como é que fica? O casaquinho não aperta...e ainda tem que fazer mais um mandato de cinco anos...
Ou bem que faz dieta, ou bem que se revolta. Eu se fosse a ela revoltava-me!
Homens...

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

A Outra Margem

Escorrega-se-nos o olhar na lonjura. Beira de água, desfocada, em matizes de azul.
Por cima o silêncio entrecortado de passagens, ritmos, velocidades. Horizontes que se escapam por entre a nossa pequena pausa, num café à beira Tejo. Deste ou do outro lado, quem sabe...



Fotografia de João Afonso Machado

Brel, Brel, Brel



Toujours l'amour. Toujour Brel!
Que me desculpem, praticamente todos, eu sei... o inglês está "em alta". Mas não há nada que chegue ao françês, assim, em jeito de Brel

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Arrefecimento Total


Eu sei...o tema do momento são as eleições. Mais precisamente a reeleição, à primeira volta (sempre fica mais em conta e, nos dias que correm isso é muito importante visto que as campanhas saem caras) do candidato. Ainda não percebi esta ideia de se fazerem eleições presidenciais de cinco em cinco anos, se toda a gente, candidatos incluídos, já percebeu que o presidente vigente, é sempre reeleito por mais cinco (o aconchegante de um colo conhecido é sempre melhor que a incerteza )...poupava-se. Especialmente na maçada, o que também é importante.
Posto isto, que chega perfeitamente para falar de eleições presidenciais (o que para aí vai pela blogosfera...) pergunto: onde está o aquecimento global? Ou por outra...onde está o aquecimento, por pouco que seja? O que se vê por aqui é um arrefecimento total. Um Inverno de bater o dente. Um vento gelado...a culpa terá sido das eleições? É que se foi, mais um motivo para espaçarmos a coisa.
É verdade...desta vez como não havia praia, nem chuva, nem ninguém se lembrou de associar a abstenção e os votos nulos e brancos (os verdadeiros vencedores) com o...frio. Ou, com o tal aquecimento global, desaparecido em parte incerta. Com toda a certeza aterrorizado com o leque de candidaturas, a sua elevação, a riqueza do discurso...e agora batemos o dente! Está certo. É bem feito para não sermos parvos.
Resta-nos o chá. Essa maravilha da técnica. Tão esquecido, nos tempos que correm. E há-os para todos os gostos e a preços módicos.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Horizonte

O Horizonte recusa-se a amanhecer...ali, balançado numa linha improvável entre o antes de ontem e o futuro.
Poderia ser de uma cor qualquer, mas a posição acocorada, não deixa antever mais do que um tom de cinza.
Amanhã será dia de acordar de novo. Ou de se acabrunhar. Enrolar os joelhos aos cotovelos da lua que parte apressada.
Ao largo passará o sol, a tempestade, o luar
Todos os ritmos contidos nas horas, que apesar de tudo dançam, inadvertidamente, noutro palco qualquer.

George Sand

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Palavras

Sento-me no vão das escadas a desalinhar palavras. A arrumar palavras. A custurar palavras.
A lógica da arrumação não obedece muito às regras gramaticais. Obedece muito mais à ordem natural das gavetas, nos muitos armários da vida.
A custura é irregular, porque a máquina é antiga e o vão é esconso.
Mas o desalinho compensa:  feito de sonhos e de poemas. Deslumbrados pelo vento que passa e, lhes rouba as vírgulas e lhes arranca os pontos,  lhes encosta os travessões aos sorrisos. Às poucas exclamações que encontra, lavadas de lágrimas, pede-lhes com jeito, se querem dançar.
Há tango e rumba nos papeis, desse vão de escada. Passos desajeitados, em sílabas, que teimam sempre em rodopiar.

George Sand

Emoções

Adormeci na praia

Rompi os espaços todos, nas esquinas do nevoeiro e adormeci na praia.
Ficou a areia fina que me escorria dos olhos. A maresia que ensaiava passos de tango por cima dos meus cabelos.
Mas o tempo, esse esfumou-se na noite. Sem luar.
E , eu não me lembro de ter acordado mais.
Se acordei,  foi só o  breve instante da passagem indefinida da vida. Aquela que corre, rotineiramente. Sem interesse.
O resto, os espaços largos e leves, continuam lá, no silêncio pausado da ondulação



quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

The beautiful world of Photoshop

Meninas de sexta feira ou de um dia qualquer.

Foi modelo fotográfico. Presença assídua de capas de revista.
A pressão de um ideal de beleza que não é senão e, cada vez mais um estereótipo de uma "sociedade photoshop", fê-la cair na armadilha de uma das mais terríveis doenças da modernidade: a anorexia. Morreu de múltipla falência orgânica, com 25 kilos de peso. Não sem antes se deixar fotografar, despida de todas as marcas, que lhe trouxeram a visibilidade e o sofrimento.
Algumas leis, têm tentado alterar este "estado de consciências", que empurra centenas de mulheres e sobretudo jovens adolescentes,  todos os anos, para a beira deste abismo. Na  procura incessante de um corpo que não existe, senão na imaginação de quem os constroi.





George Sand

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Vianna da Motta

Burka

Estou "raladissima" com esta ideia peregrina de nos venderem aos países árabes. Tenho uma festa no próximo fim de semana e não sei se com isto se usa luvas ou não.
Chapéu está fora de questão, obviamente. Mas, e as luvas? Alguém faz ideia?



Marquesa de Carabás

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Menino - Santo

Vi um menino na beira da estrada.
Perguntei-lhe o nome,
Não me disse nada.

Trazia no rosto
A curva marcada,
De uma vida breve 
Desalinhada.

Nas mãos o silencio de quem não quer nada...

Ofereci um doce
Da cor do mel.
O mais parecido
Com a sua pele

Deu-me um sorriso
De palma da mão,
Do tamanho certo
Do seu coração.
E depois descalço,
partiu,
à desfilada...

        do fundo do vento ainda o ouvi :
chamo-me Bento
Rezo por ti


George Sand




(Fotografia tirada na Cidade de S. Bento do Sapucaí (serra da Matiqueira) SP- Brasil pelo fotógrafo Mário Castello)


Revisitar

É simultâneamente estranha e gratificante a sensação de revisitar. Revisitar lugares, tempos, paisagens. Como se os sonhos se recuperassem intactos numa maré, vinte ou trinta anos depois...
O movimento perpétuo da ondulação reconduz-nos os passos, no mesmíssimo horizonte, onde por um acaso,  largámos esse bocado de vida.
Ficou lá, suspenso, na  ponta de uma papagaio de papel:  corpo de horas, cauda de minutos e laços coloridos, alinhados nos segundos,  dos muitos que povoam o nosso tempo. Todos os tempos por onde vamos passando.
Mas não nos enganemos: os matizados são ligeiramente diferentes. Mais não seja, por causa da tela...exposta a todas as intempéries. E, pelo formato da concha das nossas mãos. Gastas, enrijecidas, acabrunhadas. Quando outrora eram leves e de dedos ágeis. Quase intrusas...


George Sand

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Sempre...flores

Fico parada a olhar as flores.
Pode ser numa esquina, num recanto, num campo de primavera, ou aqui mesmo na internet. Acontece muitas vezes no fim do dia, procurá-las.
São efémeras eu sei. Estas de hoje ainda mais. Basta colhê-las, para murcharem. Mas, enquanto existem, estão lá, a enfrentar o mundo, cheias de risos coloridos e sem sequer adivinharem o que lhes irá acontecer. Não pensam no futuro, as flores. E,  certamente já não se lembram de como é ser semente.
São crédulas. Acreditam que a brisa lhes acariciará sempre os rostos frágeis e que a água as encherá de vida. O resto do mundo não lhes interessa. Ou, nem sequer o compreendem.
Ficam-se ali, num horizonte qualquer, à espera de nada e de ninguém. Só do vento que passa e lhes dá um abraço. Retribuem com os aromas inconfundíveis. Nota-se não se nota?...




George Sand

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Pedras na noite

´

Pedras na noite. Silêncio adivinhado nos  passos que ecoam. E o cheiro a urze, sem nenhuma paisagem, a temperar sozinho, a imaginação.





 
Fotografia de João Afonso Machado
                     em Penedono
.


' ROBERTO CARLOS, o verdadeiro, EM COIMBRA '



A possibilidade de voltarem a ouvir isto nalgum lado é aproximadamente zero. Portanto oiçam e embasbaquem como eu embasbaquei. Depois tratei de surripiar em grande velocidade e trazer para aqui. (honestazita)
A "bloga" tem coisas formidáveis não tem?

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Sonhos



Quando somos pequenos, sonhamos a cores e sem horizonte definido. Os sonhos são para lá de tudo o que imaginamos. Fazem-nos cócegas aos dias e embalam-nos os sorrisos quando dormimos.
Vivem desfocados, esses sonhos. E,  perdidos no meio de tudo. Sendo que por isso são grandes. Do tamanho que quisermos.
Depois vão tomando forma e perdendo espaço, nos dias que correm...Uma ou outra vez , conseguem-se elevar em castelos, de calda de açúcar, para além de quase tudo, ainda. Tornam-se reais por minutos que seja.  São os sonhos de contos de fadas tornados vidas. Os sonhos de mãos dadas.
Mas o tempo, sempre o tempo, vai-os empurrando para dentro de um baú sem cor,  que se chama quotidiano. Ficam por lá à espera...já sem os horizontes de outrora....meios desbotados.
Quase todos, um dia, perdemos a chave do baú...não tendo cópia guardada, lá dentro, os sonhos definham. Numa espera infinita, de uma chave mestra.
São raras, ou são caras . São efémeras, ou são de outros, as chaves mestras dos baús das nossas vidas e, dos sonhos que vão morrendo, dentro deles.



George Sand

Susceptibibidades...

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Ponte de Lata - Feliz 2011


O mais surprendente de todos os postais!
Chegou uns dias atrasado, com os votos de feliz ano novo.
Certamente estaria por concluir alguma arcada, por colocar algum carrinho da sua infância. Pormenor importantíssimo, em se tratando de uma fantástica ponte de lata!
"Mando para você, um feliz 2011 e a minha ponte de lata".
Feita ali, na biblioteca, pelas próprias mãos: uma travessia entre livros de um lado e mais livros, do outro.  De dentro também.
O autor, consagrado, entendeu que uma ponte feita de lata, era talvez o palco perfeito para a sua e a nossa imaginação. Na extraordinária aventura das palavras que são as dele. Só dele. E no ano de todos os prémios.
Feliz 2011! E, obrigada pela fantástica viagem, que começa aí, na sua extraordinária biblioteca. No seu "Sítio" : um lugar  fantástico, onde os mundos se misturam e atravessam, muito para lá do Equador...





Da Janela

Numa janela de pedra
Feita de espaço e de urze
Vi o silêncio passar.
Devagar como quem vai...
Pelo tempo,
Numa dança,
Sem precisar de chegar.



Fotografia: João Afonso Machado
                (castelo de Penedono)


George Sand

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

O Orgulho de ser Português

Agradeceu o prémio em português. Fez mais, em dois minutos, por Portugal,  do que aqueles  que mesmo sem o conhecerem, têm  imensas opiniões, sobre se é, se não é, aquilo que é, ou aquilo que não é,  toda a vida.

Submarinando por aí

Fotografia subaquática, sem recurso a retoques nem photoshop, tirada em Mato Grosso, Brasil, pelo fotógrafo Mário Castello.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Girassois

Invariavelmente, quando se tratava de oferecer flores, oferecia girassois.
Passei anos, a procurá-los em quintais, hortas, nas beiras das linhas férreas.
Ainda me lembro de uma senhora, a que todos os anos acorria, em finais de Agosto, para os girassois...um jantar e umas flores: e a surpresa dos girassois.
No tempo em que as floristas não se tinham lembrado deles. Não eram moda. Não estavam miniaturizados nem se "organizavam" em bouquets enfeitados. Eram só girassois, de longos pés, às braçadas, que uma vez postos nas jarras, rodavam as cabeças para ver o sol.
Ficava embaraçada quando me perguntavam qual a minha flôr preferida...era suposto serem rosas...às vezes, ainda saía uma túlipa envergonhada. Mas na insistência,  o sorriso aberto: girassois! As minhas flores preferidas são girassois!


George Sand

Penedono



A sobriedade da pedra, na beleza quase irrespiravel da paisagem.
Cantos e recantos que se reinventam num jogo de sombra-luz, onde sobressai, sempre, o sorriso generoso das gentes da terra.
Espreitam-se as fragas. Vislumbram-se os socalcos...

"Já do eu Rei tomado têm licença
para partir do Douro celebrado
Aqueles, que escolhidos por sentença
Foram do Duque Inglês experimentado
Não há companhia diferença
De cavaleiro destro ou esforçado;
Mas um só, que Magriço se dizia
Destarte fala à forte companhia!

Lusíadas, canto VI

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Trovas da Minha Desgraça por Manuel Feliz

Pergunto aos bancos que passam
Notícias do BPP.
E o vento cala a desgraça
E o vento, que nada vê.

Pergunto aos rios que levam,
Tanta bolha à tona d'água,
E os rios não me sossegam
Afundam as moedas na mágoa.

Levam os sonhos, deixam nada,
Os Bancos do meu país.
As notas boiam na água
Para onde vão? Ninguém diz...

Pergunto aos Bancos que passam
Eles vão de olhos no chão.
Silêncio é tudo o que resta,
E as Purdeys, no coração.

E o banco que não me diz nada.
Só o silêncio que insiste ...
Menos um cheque no bolso
De um cidadão...sempre triste

(poema de Manuel Feliz, um cidadão amargurado)


Marquesa de Carabás

Crise para totós

Malangatana e o quarto dos arrumos



Foi na minha infância o pintor do quarto dos arrumos...por causa das figuras grandes, de olhos rasgados, que apavoravam o meu irmão. Umas senhoras enormes, escuras, que brilhavam na penumbra.
Viveram largos anos voltadas de costas para a parede, tal era o susto. A simples ameça de convivência com elas, fazi-o comer a sopa toda num ápice.
Um dia regressaram à sala.
Trouxeram um mundo de recordações que não é o meu, mas o do meu pai: ex combatente em Moçambique, que por acaso,  descobriu um pintor local, que vendia quadros por quase nada...
Comprou-lhos. Gostava de arte e não ficou indiferente às senhoras de olhos rasgados.
Quando regressámos,  vieram as senhoras também. Cuidadosamente embaladas.
Hoje vivem na sala, quando não estão em "digressão". Mas a cada nova criança na família, relembra-se a "síndrome". Será que este aguenta Malangatana?
Até ver, têm aguentado todos.
Assim permanecerá sempre, esta lembrança da terra onde nasci, mas que nunca conheci. Senão através da pintura de Malangatana

George Sand


Cantando as Janeiras



Ide afinar as vozes para cantardes os Reis!

Um olhar

Pode ser um fim de dia,
um fim de mundo,
Planura suave
na  urgência de um olhar,
com sabor a sal.

fotografia  de Mário Castello


quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Michelangeli plays Franz Schubert



As conversas são como as cerejas...levaram a relembrar Arturo Beneditti Michelangel

O Tempo dos eléctricos

Passavam os elécticos na avenida.
Desciam juntinho ao passeio, em curvas bem desenhadas, e desaguavam na Baixa.
Depois ainda havia tempo para subir o chiado. Calmamente. E,  lanchar na Benárd, ao sábado.


terça-feira, 4 de janeiro de 2011

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Verde - Azul

Deslizaram-me os olhos  na linha desmaiada do horizonte. Para lá o absurdo silêncio de um final  sempre renovado. Para cá a quietude mansa do areal vazio .
O mar, senhor absoluto das cores, dos aromas  dos cheiros, de todos os sentidos . Invariavelmente deitado sobre si mesmo. Presença plana, como plana é a paisagem deste quarto deserto.
Olho em redor. Na penumbra da tarde dilato lentamente as pupilas mas não vejo...Não vejo para lá dos vultos exangues de um quarto: a cama redonda . As  mesa de cabeceira :  incómodas permanências no primeiro e no ultimo olhar do dia. Uma cadeira, um armário sem estória alguma para contar. Um quarto igual a todos os quartos que a vida me apresentou. E apresentou tantos.
Passei quase toda a minha vida dentro de quartos. Quartos de hotel.
Paredes iguais a todas as paredes de quartos de hotel.
De quando em vez o retorno breve a um mesmo quarto,  que por ser tão breve, nunca se tornou o meu.
Foram anos de viagens de negócios, de trabalho. Reuniões intermináveis quase sempre em quartos de hotel, porque o tempo assim o exigia. Quando não eram em quartos, os encontros de trabalho passavam para salas, em que a diferença dos vultos circundantes se esbatia na frieza das paredes. Brancas ou cremes, em mil e um tons de branco e de creme, de vez em quando substituídas por um castanho pardacento quase tão pardacento como o creme e a brancura já envelhecida.
Nas paredes invariavelmente as mesmas paisagens: verdes. Nunca percebi porquê mas os quadros dos quartos de hotel são sempre verdes. Podem ser lagoas esfumadas, meninas de impressionista, florestas longínquas. Mas têm essa mesma característica que as une: a cor verde.
E não se pense que o verde dos quadros, tal como o creme e, o branco- creme- acastanhado das paredes é sempre igual. Pode ser verde mar ou verde seco. Verde forte ou verde claro. Dependendo mais do tempo em que está dependurado e, da luz das latitudes,  do que da paleta original. Mas é sempre, sempre verde.
Em tantos anos de empresa, em tantos quartos de hotel, em tantas salas de reunião nunca consegui sequer vislumbrar o azul...
Tenho-o aqui agora à frente dos meus olhos. Procurei-o quase toda a vida e toda a vida me fez falta. Agora está aqui defronte da janela deste quarto que nem sei se me pertence, e não faz nenhum sentido.
Hoje o azul que eu procurei toda a vida tão desesperadamente está aqui. Deitado e com  todo o tempo do mundo para ficar. E contudo, não faz nenhum sentido.
Durante anos sempre que um acaso do destino, me levava a alguma cidade costeira, perscrutei o horizonte, ávido deste azul...sem nunca o encontrar.
Uma vez, e porque o hotel ficava mesmo em frente ao mar, galguei os degraus um a um dispensando a monotonia de mais um elevador, para chegar mais depressa. Tinha sido marcada a reunião à última hora e por estar quase completo, o hotel,  o quarto que me deram tinha vista para as traseiras..do mar.
Hoje é azul a paisagem dos meus olhos, mas podia ser verde creme, branca pastel ou, castanha qualquer. Não me importo mais com a paisagem dos meus olhos.
O areal está vazio como vazio está o quarto, o azul e o mar.
Vazios de conteúdo. Vazios de mim.
Reformei-me o ano passado.
Depois de trinta anos de trabalho, as cores são agora diferentes. Vieram os rosas e os negros. Os prateados e os ocres. Os tons de terra molhada, de sol e de sal. As matizes dos passos e dos espaços. Do mundo e dos outros. E com eles os cheiros, numa panóplia de sentidos que me embriagam e assustam. É esse o termo: susto!
Estou neste quarto perdidamente assustado num labirinto desconhecido onde os cheiros, as cores, e os outros tomaram definitivamente conta da paisagem.
Não encontro a segurança das múltiplas agendas, das secretárias vestidas de igual, das palavras proferidas em cada uma das reuniões iguais e conforme o mundo protocolo dos negócios. Sempre tão previsível e tão absolutamente seguro.(...)



Blu - Bloga

Dizem-me que são cerca de 180.000 os blogs feitos a partir de IP's em Portugal.
Um número surpreendente.
Claro, que a maioria destes blogs, são humildes "produções caseiras", como este. Mas há gente a escrever extraordinariamente bem. Gente que escreve e não publica, regularmente, nos meios tradicionais.

A maioria dos blogs tem um formato parecido: junta textos, música e algumas imagens. Segue as regras básicas da comunicação, portanto. Mas há sítios diferentes. Este é um deles. Chama-se Blu. http://www.blublu.org/ 

Depois há os blogs onde se escrevem livros, on line...por fascículos. Uma ideia extraordinária!

domingo, 2 de janeiro de 2011

Killing Me Softly em versão "cogumelo mágico"



Para desenjoar um bocadinho do bolo rei e das rabanadas. E da "casacata de chocolate", obviamente.

Morte - com mesa de cabeceira

Morremos todos.
Este é um dos acontecimentos mais democráticos, a par do nascimento.
Um dos menos falados, dos que queremos a todo o custo esquecer que existe.
Fruto do destino de cada um,  a morte, como a vida, simplesmente acontece.
Em Portugal, com direito a "mesa de cabeceira",onde se pousam os óculos, as frases, as flores, os livros, os retratos de uma vida.
A segunda morada, no dito popular.
Há quem a escolha criteriosamente. Há quem a conheça de antemão. Há quem prescinda dela, também. Preferido opções mais ecológicas ou mais em voga. Mas a maioria fica ali, na sua única assoalhada, com vizinhança.
É uma espécie de ida à praia sem retorno. Sem problemas de transito, sem complicações de maior.
Para trás deixamos quase tudo: menos a alma que é eterna.
Não sei se interferimos no destino da alma. Se há conversações com Deus sobre os quesitos, da esquina do céu, que nos está reservada. Imagino que não.
Podemos apenas dispor da "mesa de cabeceira". Ao nosso gosto ou, ao dos nossos familiares.
E vale a pena, passar pelos cemitérios portugueses Adivinhar quem mora ali: quais foam os seus gostos, os seus hábitos, as suas "expectativas" em relação ao além. Estão quase sempre lá: nas "mesas de cabeceira".
Há poucos dias partiu uma amiga. Não estou habituada ainda a ver partir gente da minha geração. É cedo, ainda. Mas será que alguma vez o deixa de ser? Ou haverá sempre alguma coisa ainda para concluir? Algum abraço por dar?...


George Sand

Português Técnico

O nosso Primeiro Ministro José Pinto de Sousa (Sócrates lembra-me o aeropago), reúne-se hoje com a recém empossada "Presidenta" do Brasil, para conversar, entre outas coisas, sobre a Língua Portuguesa.
Esqueça-mos pois todos os acordos: vem aí o Português Técnico!

Dilma da Silva - A "Presidenta"

Foi finalmente empossada, a Senhora "Presidenta" do Brasil. Um caminho árduo, penoso, fruto de muito trabalho e de uma campanha empenhada. Uma extraordinária surpresa para o mundo!

sábado, 1 de janeiro de 2011

Parabéns Corta Fitas!!!


Corta Fitas, http://corta-fitas.blogs.sapo.pt/ eleito blog do ano:

Parabéns aos Corta Fiteiros: João Távora; Duarte Calvão; Luísa Correia; Vasco Medeiros Rosa;  José Mendonça da Cruz; Rui Crull Tabosa, João Afonso Machado.
Continuação do excelente trabalho!
A Marquesa de Carabás vaticinou...:)

George Sand