Foi na minha infância o pintor do quarto dos arrumos...por causa das figuras grandes, de olhos rasgados, que apavoravam o meu irmão. Umas senhoras enormes, escuras, que brilhavam na penumbra.
Viveram largos anos voltadas de costas para a parede, tal era o susto. A simples ameça de convivência com elas, fazi-o comer a sopa toda num ápice.
Um dia regressaram à sala.
Trouxeram um mundo de recordações que não é o meu, mas o do meu pai: ex combatente em Moçambique, que por acaso, descobriu um pintor local, que vendia quadros por quase nada...
Comprou-lhos. Gostava de arte e não ficou indiferente às senhoras de olhos rasgados.
Quando regressámos, vieram as senhoras também. Cuidadosamente embaladas.
Hoje vivem na sala, quando não estão em "digressão". Mas a cada nova criança na família, relembra-se a "síndrome". Será que este aguenta Malangatana?
Até ver, têm aguentado todos.
Assim permanecerá sempre, esta lembrança da terra onde nasci, mas que nunca conheci. Senão através da pintura de Malangatana
George Sand
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