sábado, 30 de setembro de 2017

وليد علا الدين و أنطونيو خيديانWalled Alaa Eldin e António Gedeão


A língua transporta com ela a cultura, o sentimento e o saber dos povos. Através das línguas, chegamos lá, aos corações mais improváveis.
As traduções literárias são, também elas,  literatura.
O texto na imagem,  em árabe, é sobre António Gedeão. O texto em Português, sobre o escritor/poeta  egípcio  Walled Alaa Eldin. Uma tradução de  Faysal Rouchdi





Waleed  Alaa Dine poeta de pátria árabe
Waleed  Alaa Dine nasceu no Cairo, em 1973, cidade onde estudou Jornalismo e Comunicação e, actualmente, é um poeta de considerável importância na literatura árabe. Escreveu poemas onde fala sobretudo da sua pátria, o Egipto.
Mais tarde, viajou para os Emirados Árabes Unidos, onde trabalhou no jornal Alkhalij, revelando-se um bom jornalista e um excelente poeta. A sua primeira obra, intitulada Minha Língua responde- me foi publicada em 2004.
Além disso, sem deixar o seu trabalho no jornal Alkhalij, trabalhou na televisão do Dubai economia, concretizando um sonho que tinha. Escreveu vários géneros literários, tais como o narrativo (contos), o dramático(peças de teatro) e literatura de viagens, como o relato da sua viagem à Argélia.
Escreveu um bom poema sobre a pátria, intitulado. Como diz Waleed:
“Até mesmo o amante é a pátria"
Amigos Surpreendem-nos
com as suas palavras
Sobre as colheitas
Surpreendem-nos
Com linguagem de desejo
Com verdadeiros amantes”
A queles algo luar nunca desvanece
Quem se atreve no primeiro
A Amar sozinho
Nunca espiral؛
Até amar apaixonando..
Que se atreve !!”
Este poema trata do amor, dum amor com  duas faces. A primeira face é a sua namorada e a segunda a sua pátria.  O poeta usa o pronome “eles”, significando os amigos da sua pátria. Waledd Ala Dine pretende dizer que o amor não tem definição, é uma coisa abstracta.
Existe uma estudo comparativo entre o poeta Waleed Alaa Dine e o poeta brasileiro Gonçalves Dias. O estudo debruça-se sobre os dois poemas, o de Waleed, intitulado” Até a minha namorada é a pátria” e o  poema de Gonçalves Dias, ”Canção de exílio”.
Por fim, podemos dizer que Waleed Alaa Dine tem um grande amor pela sua pátria árabe . O seu amor por ela, é comparável ao do poeta português Fernando Pessoa, quando este diz" a minha pátria é a língua portuguesa”.
 Waleed recebeu vários prémios, entre eles, o prémio Literatura de Guerra, em 1996; Aharkaa, em 2006 e o prémio de Sawires, em 2016, com “72 horas de perdão”.
                                                                                                FAYSAL ROUCHDI


terça-feira, 5 de setembro de 2017

"Exílios" de António Patrício Pereira



Chegou assim, em envelope de laço e capa de luz e sombras atiradas por ali acima, por uma escada. Uma escada com início e sem fim à vista, que é sem nenhuma dúvida, a escada da nossa própria existência.  
Do poeta, sabemos que subirá. Hoje, amanhã, nem ele sabe bem quando, mas subirá.
A subida é agreste e tem “breves fronteiras” porque somos pedra, pele e corpo imperfeito. Mas o poeta subirá e, continuará a subir… nós subiremos com ele, de mãos dadas ao azul, aos dias, ao universo, que pode ser “perfeito princípio”  e ás palavras que nos agasalham os passos. Há fronteiras e há cansaço, mas há caminho.
 Somos imperfeição e existimos, brevemente, na justa medida da procura do nosso inteiro lugar. Lá, onde a palavra “se moverá, junto com a terra e em repetidas madrugadas”.
Pelo caminho que se prevê longo, ficam os silêncios, a vida e o pó. O vento e as searas que atravessamos, ao sabor e ao saber dos dias.
A acompanhar-nos, o cavalgar incerto mas nem por isso menos incisivo do tempo, sempre presente. Um tempo que nos atrasa o passo, que nos condiciona a vida, que nos lembra a cada momento, da finitude e, que simultaneamente, nos permite a busca, nos acelera o passo, nos impulsiona a imaginação. Um tempo de permanência e de resistência. Um tempo mesclado de luz, sombra e azul.
Lá, no aconchegar do último degrau, restará o espaço em forma de lugar. Esse lugar de justeza, de perfeição, de cântico, de água e de pedra onde o poeta se torna…gente.
Obrigada António Patrício Pereira por este “Exílios”. Um lugar de viagem. Bonita e incontida viagem. E por todo o tempo. E por esse lugar. Gostei muito.

Filipa Vera Jardim