terça-feira, 5 de setembro de 2017

"Exílios" de António Patrício Pereira



Chegou assim, em envelope de laço e capa de luz e sombras atiradas por ali acima, por uma escada. Uma escada com início e sem fim à vista, que é sem nenhuma dúvida, a escada da nossa própria existência.  
Do poeta, sabemos que subirá. Hoje, amanhã, nem ele sabe bem quando, mas subirá.
A subida é agreste e tem “breves fronteiras” porque somos pedra, pele e corpo imperfeito. Mas o poeta subirá e, continuará a subir… nós subiremos com ele, de mãos dadas ao azul, aos dias, ao universo, que pode ser “perfeito princípio”  e ás palavras que nos agasalham os passos. Há fronteiras e há cansaço, mas há caminho.
 Somos imperfeição e existimos, brevemente, na justa medida da procura do nosso inteiro lugar. Lá, onde a palavra “se moverá, junto com a terra e em repetidas madrugadas”.
Pelo caminho que se prevê longo, ficam os silêncios, a vida e o pó. O vento e as searas que atravessamos, ao sabor e ao saber dos dias.
A acompanhar-nos, o cavalgar incerto mas nem por isso menos incisivo do tempo, sempre presente. Um tempo que nos atrasa o passo, que nos condiciona a vida, que nos lembra a cada momento, da finitude e, que simultaneamente, nos permite a busca, nos acelera o passo, nos impulsiona a imaginação. Um tempo de permanência e de resistência. Um tempo mesclado de luz, sombra e azul.
Lá, no aconchegar do último degrau, restará o espaço em forma de lugar. Esse lugar de justeza, de perfeição, de cântico, de água e de pedra onde o poeta se torna…gente.
Obrigada António Patrício Pereira por este “Exílios”. Um lugar de viagem. Bonita e incontida viagem. E por todo o tempo. E por esse lugar. Gostei muito.

Filipa Vera Jardim

2 comentários:

  1. E agora?
    O que vou eu dizer?... à Filipa Vera Jardim a quem fui aprendendo a admirar pela sua escrita.

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    1. Gostei muito António. Poesia que nos trespassa. Muitos parabéns por este livro.

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