De todos os Natais, o mais doce, o mais branco, o mais raro... Não o conhecem, por aqui, no Minho, onde as fatias se fazem rabanadas. Tão pouco no centro dos bolos reis da Nacional, no interior dos coscorões, no Ribatejo dos bailarotes ou, mais para o sul, nos natais embrulhado em misturas de grão e açúcar das azevias
Está longe, muito longe, dos pudins flambados, dos bolos de maçã, das tranças, que se comem por essa Europa a tantos.
Nem sequer no "Natal em vinha de alhos" madeirense o encontrei...
Mas ficou preso nas memórias, esse sabor incomparável, depois do bacalhau, que ainda mantenho. Sempre, com batata doce.
Alfenim, palavra de origem árabe, derivada de "Al fenid" (aquilo que é branco) transformado sabe-se lá por que acaso de sonhos navegantes, em açúcar e muita arte.
O único Natal, onde a imaginação de bonecos e anjinhos, numa massa de açúcar demorada, esticada e tornada a esticar, se desfaz sem nenhuma pressa, na boca.
Alfenim: no Natal dos Açores. E nem de todas as ilhas, creio. Mas com toda a certeza, da Terceira.
Chegava cedo, a casa. Muito antes do Natal. Embrulhado com mil cuidados, para a viagem de avião, entre rendas e bordados azuis. E ficava em lugar de honra à espera da meia noite.
Um dia, deixou de chegar.
O Natal foi-se reeiventando, como podia ser. Mas o sabor, porque demorado na boca, ficou.
Procurei-o ainda, em confeitarias e lojas gourmet...mas nunca mais o encontrei.
Por acaso, neste Natal, mas tão cedo que não foi possível, passei numa loja de artigos dos Açores. Colei o nariz na montra, mas não tinha sabor...áquela hora. Quem sabe quando lá voltar: o alfenim durava. Os anjinhos, ao contrário de todos os outros, não partiam no dia de Natal. Demoravam-se nessa doçura firme, do ponto de açúcar esmerado, por mais uns tempos. Oxalá...
George Sand
O alfenim é típico da ilha Terceira, sim, mas usa-se exclusivamente nas festas do Espírito Santo. NUNCA se usa no Natal. Espero que ajude, esta informaçao. Boas entradas
ResponderEliminarMuito obrigada pela informação.
EliminarPor não estar nas ilhas, recebia-o na época de Natal, quando alguém o mandava ou o trazia.
Boas entradas