(Velázquez)
Caminhava apressada, com um saco pardo na mão. Conhecia de cor todos os recantos de velharias da cidade, todas as feiras da região...e procurava-os meticulosamente. Toda a manhã se afadigava num entra e sai, discreto mas eficaz.
Ao entardecer, quando nada nem ninguém, poderia reflectir, regressava a casa. Subia a quatro e quatro, os degraus que a conduziam à única assoalhada que ainda poderia abrigar uma réstia de luz, e mirava-se. Não...não seria ainda desta vez. Não pelo cabelo desalinhado, pelo rosto cansado, pelos ombros que teimavam em nunca aparecer, pela memória mostrada de esguelha...
Chamavam-lhe a mulher dos espelhos.
Nunca ninguém soube o que procurava, nos muitos e muitos espelhos que armazenava. Só se sabia uma coisa: comparava incessantemente a nitidez.
Talvez procurasse espaço, George, ou a ilusão dele. Conheço alguns «amigos» de espelhos, todos eles muito longe de ser narcisos. ;-D
ResponderEliminarPodia procurar muita coisa Luísa. Depende do observador. É uma personagem em "construção". Obrigada pela visita e pelo comentário. É sempre um estímulo para uma novata nestas andanças da bloga
ResponderEliminar