segunda-feira, 30 de setembro de 2013
Todos os sessenta e cinco Verões da sua infância
Somando, todos os sessenta e cinco Verões da sua infância, seriam aproximadamente as mesmas madrugadas, os mesmos raios de sol, as mesmas partidas e as respectivas chegadas, de que sempre se lembrara. Ou catalogando.
Os exactos sessenta e cinco verões da sua infância, dariam lugar aos mesmos plátanos que se desfaziam subitamente no ar. Aos mesmos Natais, que se refaziam, dentro da sala aquecida, pelas mesmas brasas. Ou por outras, tão semelhantes, eu sei lá...
Somando todos os sessenta e cinco Verões da sua infância, a tempo, de nunca, mas nunca, a deixar perecer...
quarta-feira, 18 de setembro de 2013
La mano
A terra era terra e a terra era pó.
De sombra e limite.
A terra era terra.
Sempre,
Seguramente...
Só!
terça-feira, 10 de setembro de 2013
Curvas, de encontro às janelas
Sabia que existiam. Tinham-lhe contado.
Partes arredondadas do mundo que entrevia, por detrás dos pesados reposteiros, com borlas do feitio da lua, de cada lado, desbotadas.
Sabia que existiam, mas nunca as tinha visto.
Não porque não as procurasse insistentemente.
Curvas. Contracurvas.
Bocados côncavos e convexos de mundo que chocavam com as portadas, bem cerradas, das suas janelas.
Agrupavam-se lá fora, sabia, numa imensidão. Como se o mundo se pudesse fazer, para lá de todas as rectas. Não obstante, as paralelas…
sábado, 31 de agosto de 2013
Emelin Requiem
Se descesse a noite, a noite seria um único sopro. A rasar o inequívoco.
Se raiasse o dia, o dia seria brisa mansa.
Ainda que chovesse, ainda que o vento se levantasse primeiro, na inversa proporção do teu sussurro - inaudível.
Nada mais haveria por contar, no mar vago das minhas imersas recordações.
O teu tempo Emelin, jazeria. Pousado, no lugar de tudo o que se reconta. Sem futuro Emelin, sem futuro...
segunda-feira, 5 de agosto de 2013
Que outra coisa, são as palavras?
Tinha-as contado de véspera: doze adjectivos, algumas preposições, um pacote inteiro de papel manteiga, com os cantos primorosamente dobrados, de encontro aos verbos. Calculava que deveria ter os bastantes.
Faltava virem entregar-lhe as prometidas interjeições, mais logo, pela hora do almoço...
Que outra coisa, são as palavras, senão meras vírgulas, acotoveladas à existência?
Faltava virem entregar-lhe as prometidas interjeições, mais logo, pela hora do almoço...
Que outra coisa, são as palavras, senão meras vírgulas, acotoveladas à existência?
sábado, 20 de julho de 2013
Vestido em tempo de vento
Antes de ontem fora o tempo. O tempo rodado no limite
absurdo da bainha da sua saia.
Abotoado por fora da existência, entre casas e colcheias que lhe chegavam aos calcanhares.
E no dia anterior, fora o espaço. O espaço cingido de encontro ao peito.Com intervalos debruados.
Amanhã, seria certamente o resto do infinito, porque de hoje…de hoje só se lembrava do vento.
Abotoado por fora da existência, entre casas e colcheias que lhe chegavam aos calcanhares.
E no dia anterior, fora o espaço. O espaço cingido de encontro ao peito.Com intervalos debruados.
Amanhã, seria certamente o resto do infinito, porque de hoje…de hoje só se lembrava do vento.
segunda-feira, 15 de julho de 2013
Grand rond de coeur en l'air
Antes de tudo, era necessário apertar bem as emoções. Enroscá-las na fita larga. A alma em pontas. A vida arrondi. E, o ar: brisé.
Avant en, le coeur... en air !
terça-feira, 9 de julho de 2013
A Magia das Chaves - Sete Chaves, no lugar do teu coração
Era difícil entrar em casa, com a memória assim, escancarada de fresco.
Rodar sete vezes as chaves que trazia ao peito, desde que nascera, parecera-lhe sempre, uma tarefa improvável.
Sete vezes dissera-lhe a mãe, antes de morrer. Sete vezes…cada uma das sete chaves, para o lado de onde te soar o teu coração.
E as escadas a galgarem-lhe o pensamento.
E, as portas que rangiam de encontro aos sopros que vinham do quintal.
O coração a sobrepor-se, numa linha imaginária, que se estendia, pela sombra dos ombros, até ao patamar maior da sua existência…
Um desafio...e mais um conto.Espero que gostem!
domingo, 30 de junho de 2013
quarta-feira, 5 de junho de 2013
Muito antes, da eternidade
Ao tempo, sucedia-se então, o tempo. Não na mesma cadência consentida, do milésimo à eternidade, que houvera, quase sempre. Mas sim, nesta nova e absurda amálgama de segundos a absorverem-lhe as horas.Segundos, a sorverem-lhe os quartos para as horas, que são em si mesmos, os lugares apropriados, para se acontecer.
Segundos, que só não se tornavam em sempre, porque a eles se sobrepunha, agora, essa amálgama desconhecida dos minutos des-compassados, em milésimos sem rumo.
A paz, do relógio da sala, ficara por isso, antes de um meio, de um princípio, de um fim.
E a tarde que se fazia manhã, em resto de anoitecer... sem lhe permitir ousar sequer, a memória.
Com medo de a perder, ajustou-a ao pulso e deixou-se ficar.
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