segunda-feira, 16 de maio de 2016

Existência, num murmúrio, no fundo do coração




Desenhou uma espiral na estrada da casa, a afunilar directamente, à estrada do pensamento.
Não se percebia muito bem, da porta, quantos passos se teriam que dar, para ultrapassar toda a realidade, rodar a maçaneta aos sonhos e, desembocar numa passadeira, sem vivalma.
Mandava então parar o tempo, aquietar o espaço e seguia.
A viagem era sempre a da existência, sem destino preciso nem direccão definida.
Guiava-o uma bússola que herdara do seu avô. E, um marca-passos amarelado, de vitrine partida e ponteiros seguros por um elástico, que lhe permitia contar toda a vida, segundo a segundo, por uma boa parte da eternidade.
Todos os dias percorria sozinho, uma boa parte da eternidade,
Não havia nem esperança nem contemplações na viagem.As bermas  permaneciam inertes e a paisagem, permanentemente indefinida.
Depois de horas a repensar o que o levara, pesava outras tantas a ensimesmar-se sobre o que o traria...
Ainda hesitou, por um dia, desviar-se. a causa, foi um pequeno murmúrio, que pareceu ouvir, do fundo do coração (...)