Lubnan - Libano
O tempo escoava-se nos passos apressados,
A agarrar as esquinas,
Num cais negro de ausência e medo.
Água que se transbordava e nos
transbordava.
Sons e sombras, sons e sombras, alternados com paisagens decoradas,
Feitas de quarteirões traçados a esquadro,
Milimétricos e vazios.
Sem rastos,
Sem rostos,
Sem
nenhuma cor.
Dois barcos e o medo a transpirar-nos de mansinho.
Tempo recontado ao segundo.
Ao largo, uma sombra apenas, pairava.
Pontos presos no infinito e traçados oblíquos
galgavam à frente dos nossos passos
Num cenário de urgência e água.
Éramos apenas cinco e podíamos ser outros tantos
Os passos abafados na urgência a percorrerem
céleres o caminho
Certos de que na volta não nos lembraríamos de nada
Nem de ninguém
O cais desviou-nos para sempre o olhar,
E o mergulho esgotou-nos
No horizonte
que nos resgatou.
Viemos. Chegámos.
Lá longe ficou a cidade
Para sempre adormecida.
F.V.J
Imagem: "O Emir do Líbano" De Jozsef Borsos