Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
(Luís Vaz de Camões)
Foi a pensar, já certamente na minha avó e em toda uma geração de senhoras cultas, interessantes, distinguidas pela Universidade de Coimbra. Nessa altura, reduto quase absoluto, de doutores de calça riscada e chapéu, que o Luís de Camões, escreveu este soneto. Mais tarde, materializado, no cenário do Chiado, às quintas feiras.
Falo das quintas feiras, porque era às quinta feiras, longe já do início de semana sempre atribulado no que à organização doméstica dizia respeito. E, não ainda, demasiado perto, do descanso merecido de crianças e maridos, mais as folgas do "pessoal", que se descia calmamente a "Avenida".
Ia-se a ver os "figurinos". Fazer os avios respectivos, maçar-se na modista, para enfim, descansar à hora do chá na Benard.
Não sem antes, se ter passado por este "Au bonheur das Dames", onde se perfilavam as luvas, as capelines, as meias de seda e traço fino, a manter alinhado ao longo da perna. Trazidas sempre, sem excepção alguma, de Paris. Só isso justificava o deslumbramento do preço.
Mas os tempos mudam...as exigências são outras e, há que acompanhar.
Pelo que o Paraíso prometido, se rendeu à quase indescutível presença do "Senhor Cafézinho".
Tarde no Chiado, passou então a ser tarde de cafézinho. Devidamente encapsulado e normalizado, perante o sorriso cúmplice do omnipresente, (a raiar a exaustão!) "amigo" Clooney. Ele há gostos para tudo...
Pela minha parte e como cá em casa o café contínua a ser de aroma e lote, cafeteira ou balão, para as visitas. Eu não gosto, a não ser mesmo em aroma, sinto-me felicíssima, por na porta ao lado...sem perder quase nada do bonheur, me poder deliciar com noz e nata. Nata e nata. Nata e avelã. Nata e Caramelo.
Fica só um pequeno reparo, de quem não gosta de gelado de chocolate, nem de morango, nem de frutas de espécie nenhuma...que abundam, em detrimento dos ditos "sabores quentes".
Já agora Eduardo
Santini não havia pistachio. Nunca há. É aquele gelado verde, com um sabor entre os velhinhos "Rexina" e "Lux", que não faz as delícias de quase ninguém...mas faz as minhas.
Também não havia um "must"...e este, já sem a desculpa dos sabonetes e, ausência de reparo em gelataria de renome e fama Mundial: Rum. Ou, na ausência do mesmo, Zuppa Inglese.
Mas Santini é sempre Santini e Bonheur é sempre Bonheur !
Registo também a minha estranheza perante esse "fusionamento" dos gelados Santini com o "Melhor Bolo de Chocolate do Mundo" Muito arrumadinho, é certo. E, em lugar próprio, para turista ver. Mas a fazer lembrar uma sugestão de gnocchis com lasagna...para mim, gelado é com barquilho e copo de água s.f.f.