domingo, 23 de fevereiro de 2014

Despojos da noite



Os despojos da noite

Deixei-os entregues à lua,
De fim de festa,
E a lua foi-se, a dançar…
Ficou o vermelho: vivo, ardente, suspenso...
De um beijo de organza,
Entre esta terra e o ar

O amarelo de riso,
Feito na cor do limão.
Rosa, balanço esquecido,
De um corpo,
Entre a minha, a nossa alma,
E a cor branca do chão.

E de todas as cores que se fez,
Essa noite de riso azul de poente,
Ficámos para sempre
Feitos de ar,
De cor e de gente…


Fotografia: Pedro Soares de Mello

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Muito antes, da eternidade



Ao tempo, sucedia-se então, o tempo. Não na mesma cadência consentida, do milésimo à eternidade, que houvera, quase sempre. Mas sim, nesta nova e absurda amálgama de segundos a absorverem-lhe as horas.
Segundos, a sorverem-lhe os quartos para as horas, que são em si mesmos, os lugares apropriados, a se acontecer.
Segundos, que  nunca se tornariam em sempre,  porque a eles se sobrepunha, agora,  essa amálgama  desconhecida dos minutos des-compassados e,  sem rumo.

A paz, do relógio da sala,  ficara  por isso, antes de um  meio, de um princípio, ou de um fim.
E a tarde que se fizera manhã, em resto de anoitecer... sem lhe permitir ousar sequer, a memória.
Com medo de a perder, ajustou-a ao pulso e deixou-se ficar.



quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Infinito


Vou-te contar uma história:
-Não há na terra inteira, mais do que infinito...cem anos, inteiros, de infinito!