Amanhã vais acontecer e os traços que se fizerem teus serão
quase eternos, dizem-te.
Amanhã, não te esqueças.
O tempo que flui por debaixo dos teus anseios, por agora, nem sequer é teu. É
apenas um esgar, um abafo, um suspiro que se desalinha numa qualquer paisagem.
Amanhã, apenas e só amanhã, será tu mesmo com uma força que nunca ninguém te
viu.
Hoje limita-te a nem sequer entender porque é que tudo o que sonhaste escorre célere,
por debaixo do silêncio amarrotado do guardanapo, pousado a um lado.
Conta depressa quantas vezes quase aconteceste nos últimos minutos que se
passaram.
Vais perceber o que nunca entendeste e, que muito provavelmente, o teu amanhã já nem sequer existe.
Imagem: "Objecto não identificado" Nikias Skapinakis