domingo, 14 de julho de 2019
Pudesse eu ser mulher
Deram-me o espaço e o tempo. E, as portas abertas para lugar nenhum.
Deram-me janelas, completamente desertas.
Depois, deram-me as horas, todas as horas que eu quisesse, para poder pensar e um rosto pálido, descolorido, de tanta ausência.
A espaços, cederam -me bocadinhos de vida. Creio que de alguém…Nem eu sei.
Eram retalhos coloridos que encaixava, meticulosamente, entre os minutos de todas essas horas. A segundos, por vezes, das recordações.
Como se eu pudesse ter recordações…
Alegrias limitadas e consentidas por ora e, permanentemente vigiadas.
Alguma vez, se assim fosse, eu começaria lentamente a construir-me de coisa alguma.
De sabor, de calor, de barro, de cor, de acontecimentos… Ah, nesse dia, eu saberia: seria então, mulher!
As minhas janelas teriam vista de horizonte. Seriam janelas abertas para prados de mar e lagos de erva-doce.
As minhas portas cheias de gente.
Um dia…pudesse eu ser mulher!
imagem: mural de rua na cidade de São Paulo, Brasil, da autoria de Nina Pandolfo
segunda-feira, 8 de julho de 2019
Decidira-se a permanecer
Sentara-se naquele lugar havia tanto tempo…
Ninguém lhe tinha dito que havia um momento próprio para sair, um tempo correcto de abandonar.
O lugar parecera-lhe imenso, com espaço para o resto de quase tudo o que já sonhara, o resto de quase tudo o que ainda não vivera.
Sentado, as mãos caídas no colo, o olhar absorto, o mundo algures e esse único lugar…Quem sabe, uma pequena conquista ao infinito.
Não passara por ali ninguém. Nem o tempo, nem nenhum outro espaço, nem sequer a sombra de um silêncio ou de um murmúrio…as mãos caídas no colo, o olhar vazio.
Sentara-se por uma única razão: decidira-se a permanecer
Quadro: "Cadeira com cachimbo" de Van Gogh
Ninguém lhe tinha dito que havia um momento próprio para sair, um tempo correcto de abandonar.
O lugar parecera-lhe imenso, com espaço para o resto de quase tudo o que já sonhara, o resto de quase tudo o que ainda não vivera.
Sentado, as mãos caídas no colo, o olhar absorto, o mundo algures e esse único lugar…Quem sabe, uma pequena conquista ao infinito.
Não passara por ali ninguém. Nem o tempo, nem nenhum outro espaço, nem sequer a sombra de um silêncio ou de um murmúrio…as mãos caídas no colo, o olhar vazio.
Sentara-se por uma única razão: decidira-se a permanecer
Quadro: "Cadeira com cachimbo" de Van Gogh
sábado, 6 de julho de 2019
Unicornio Azul
Quantos unicórnios azuis com asas
Que dão as mãos ao infinito
E aconchegam em abraço a dor de alguém?
Quantos unicórnios azuis
que lavam as penas e sacodem o vento
E inventam o riso
Socalco de um meio de dia que não acaba…
Nunca mais acaba esse meio de dia.
Quantos unicórnios azuis encostados devagar à tua cara de anjo?
E o meu segredo
de te saber assim,
outra vez,
tão perto de Deus
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