quarta-feira, 2 de maio de 2012
Embrulhado de vida
Só elas, navegantes de infinitos, tinham o poder de te embrulhar a vida. E passavam, tantas vezes e, tão rapidamente, ao largo da tua existência.
Felizmente, ao lado, da tua existência. Ou infelizmente, porque sei que quererias assim: viver de vida embrulhada.
Dias inteiros de transparência, arrancavam-te gritos de dor.
A cada decisão vacilavas no azul de todo e qualquer lugar.
Nenhum contorno esfumado, na paisagem dos teus sítios, dos teus anseios, dos teus receios. Dos teus amores...
Foste procurar lá, então, onde o céu se desfaz de algodão.
Debruçaste-te perigosamente, entre o passado, de memórias gargalhadas, as lágrimas.E, o que nunca deveria acontecer. E, foi aí, que decidiste encher os os bolsos de nevoeiro. A alma, de nevoeiro. O espanto de nevoeiro.
Nunca mais apareceste.
Se dizias que sim, podia ser a sombra de uma negação.Se dizias que não, podia acontecer que o ar se compactasse de imediato, por cima do teu olhar. E aí...quem poderia adivinhar?
Passarias a caminhar sem pressa e sem destino. Entre os risos, inaudíveis, das nuvens que te rodeavam, nesse abraço cerrado.
Achaste-ias então assim: sempre e, seguramente, ausente de ti.
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Filipa? Quer ficar com este escrito? É para si.
ResponderEliminarMulher azul
Vi-te naquela noite tingida de azul marinho
Num tom nocturno misto de blues e névoa
A diluir conversa numa maré de burburinho
A tua mão pendia e brilhavam os teus olhos
Num branco muito aceso que parecia o luar
Riso de quebra-gelo a navegar nos escolhos
Por entre o ritmo das ondas aparecias tu Rosa
Dos Ventos embalada em nocturnas fantasias
E dos teus lábios sábios versos mais que prosa
Exalavam exóticos perfumes secretas maresias
Muito bonito o poema. Vai de encontro sobretudo, à imagem. O texto é mais o oposto: o desaparecimento, embrulhado em capa.
EliminarObrigada.
Vinieras y te fueras dulcemente,
ResponderEliminarde otro camino
a otro camino. Verte,
y ya otra vez no verte.
Pasar por un puente a otro puente.
—El pie breve,
la luz vencida alegre—.
Muchacho que sería yo mirando
aguas abajo la corriente,
y en el espejo tu pasaje
fluir, desvanecerse.
acho que vai bem com o seu post e agradeço ao V.Aleixandre ...
Vai muito bem. Obrigada Fernando Antolin
EliminarSão caminhos e pontes. Partidas e chegadas.
Às vezes, mesmo quem tem capa não escapa...
ResponderEliminarNunca escapa, quem tem capa CBO.Pelo menos da sua própria consciência.
EliminarCapas escondem, ma também obscurecem.
Obrigada
Viver uma vida embrulhada. Viver no quentinho dos sentimentos e das emoções é o desejo de todos... mas só alguns o conseguem!
ResponderEliminarE daí nascem os dias de nevoeiro...
Ás vezes por falta de sorte, não se consegue. Outras, por falta de força...para romper neblinas.
EliminarTodos os infinitos são infindos
ResponderEliminarAssim como difusos são seus navegantes
Bjo.
Os infinitos do tamanho de todos os passos e de todos os olhares.
EliminarNaveguemos, para lá da ousadia.
Obrigada e bem vindo Filipe Campos Melo.
Volte sempre.
Os dias de nevoeiro apesar de angustiantes também podem ser belos. Assim, do nevoeiro se fez escrita.
ResponderEliminarParabéns.
Beijinho. :)
Ana,
EliminarFazemos escrita do que temos. Temos gente, embrulhada em nevoeiros...e nevoeiros, a fazer de capa, na vida de muita gente.
É disso, que fazemos palavras...obrigada
beijinho
Do ventre
ResponderEliminaraté à foz
Bjs
Sobretudo se embrulhado de vida :)
ResponderEliminarBj
Quando abro a porta às oito da manhã e o sol brilha resmungo para mim arres de mau humor e procuro irritantemente uma sombra, se no entanto abro a porta e o nevoeiro me rodeia frio e gélido sorrio de deleite enquanto outros tropeçam e choram sonos latentes de mau acordar, gela-me o corpo, farrapos que se envolvem em minha roupa, arrasto-me através dele levando blocos de nevoeiro na minha frente enquanto fios soltos continuam presos um pouco por todo o lado, deixo-me envolver no reconhecer do que já conheço, mas imbuído no meio do misticismo inerente ao cinzento se torna novo, em certos dias, naqueles mais especiais por vezes ouço os cascos do corcel de D.Sebastião, noutros chego a ver o seu vulto.
ResponderEliminarCumprimentos.
Um privilégio quando se ouve o silêncio e se consegue escutar a música da memória.
EliminarPalco de acontecimentos nunca vividos, mas sempre sonhados, que nos transportam ao fundo de nós.
Obrigada James Dillon, pelo nevoeiro, que se revela especial em torno das palavras e, o cristalino de olhar.
Cumprimentos
embrulhar a vida também cansa...
ResponderEliminarbeijo
Há textos na vida de um homem...
ResponderEliminarEm que um homem se revê...
...
Copiei e resolvi inserir no meu blogue, com o devido crédito.
Caso veja qualquer incoveniente me informe pela mesma via, e
então, o retirarei de imediato.
Cumprimentos~.
Desde que referenciado, com todo o gosto.
EliminarA minha escrita é aberta e pretende ser isso mesmo: um palco que outros dancem.