domingo, 13 de março de 2011

Portas

Abrimos a primeira porta ao sorriso das nossas mães.
Depois, seguem-se quase todas, as que encontramos pelo caminho da vida, escancaradas,  até cerca dos sete anos, quando os heróis começam a diminuir de tamanho e lavamos o rosto com as primeiras lágrimas, por causa dos outros. Fechamos então uma ou outra, mas levemente...ainda.
O  tempo do crescimento e da descoberta,  faz-nos abrir cada vez mais portas e a deixá-las assim. Na maior parte das vezes, pintadas com todas as cores da imaginação: é o tempo das portas coloridas, penduradas no arco-íris, pela ponta do lambril.
Mais tarde, a pouco e pouco, vamos percebendo que é tempo de encostar uma ou outra. De fechar mesmo aquela que teima em não permanecer fechada - a chave custa a rodar- pelo menos a primeira.
Não é um processo fácil o rodar das maçanetas nas portas das nossas vidas. 
É difícil conviver com as dobradiças que rangem dentro do pensamento e, nos questionam...voltamos atrás muitas vezes, nem que seja para espreitar pelo buraco da fechadura...nem sempre conseguimos, nem sempre as portas continuam lá, nem sempre vale a pena.
Um dia, muito mais tarde, damo-mos invariavelmente conta de que não há assim tantas portas que valham a pena. 
E mais tarde, ainda, de que quase não restam portas.
Com sorte, debruçamos-nos então,  nas janela da vida...


(Fotografia de Mário Castello )




4 comentários:

  1. portas... janelas... tudo serve desde que do outro lado existam coisas diferentes... desafios.

    ResponderEliminar
  2. É uma facto. A vida é feita de desafios e passagens.Umas mais estreitas e complicadas, ouras, com horizontes mais amplos

    ResponderEliminar
  3. Da experiência (transpondo portas) evoluímos, discretamente, para a mera observação (debruçando-nos de janelas)? Espero, quando já tiver fechado todas as portas, ter uma janela virada para o mar. ;-D

    ResponderEliminar
  4. Desde que tenha por horizonte a felicidade, qualquer uma me serve

    ResponderEliminar