A minha avó viu tudo o que haveria de ver, o que podia ser visto ,até à idade de vinte anos.
Um dia sem motivo nenhum fechou um olho e percebeu que do outro se lhe fugiam as cores e a vida, num rodopio esfumado.
Nesse dia deixou de ver para passar a adivinhar.
Como se o olho, sempre morto passasse a duvidar da própria existência ,e de como as coisas se faziam...
_ Então menino de que cor está o mar?
_ Azul avó!
_ Azul...não...
_este mar não é azul, é tão só cor de marfim. Com a cor do fundo e a cor de cima misturadas. Este mar tem relvas nas bordas e paisagens no meio.
_ Que cor tem o mar Ana?
_É azul, mãe.
_E tu menino de que cor são os teus olhos?
_São azuis avó!
_Azuis não, que o azul nasceu para ser infeliz, cor de agua salgada...Quero-os da cor das laranjas e do sol!
_Que cor tem os teus olhos menino?
_A cor que a avó quiser...
George Sand
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