quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

FELIZ ANO NOVO

 



Dia de balanço, também deste espaço que segue para a bonita idade de 11 anos. 
São onze anos de partilha umas vezes mais intensa, outras menos mas sem nenhuma quebra.  
Onze anos de leitores e amigos que por aqui passam. A todos eles o meu agradecimento por lerem, por comentarem.    
Tenham um bom ano com saúde e muita PAZ. Sejam FELIZES!  

Filipa Vera Jardim

Imagem: "Bar Italie" de Paul Cadmus 

domingo, 29 de novembro de 2020

Esta demora e toda a nossa vida

 



A minha água plana, eternamente,  por baixo de cada um dos nossos instantes,  sempre que me deixas percorrer sem pressas,  uma a uma, todas as traves mestras que te sustêm os passos.
Infinita será apenas a tua lonjura, o meu soluço, esta demora e toda a nossa vida. 

Filipa Vera Jardim 


Imagem: "Femme dans le désert" de Alphonse Maria Mucha

sábado, 21 de novembro de 2020

Alma verde

 
 
 

Acordámos assim, os braços submersos, debaixo de um suspiro longo e cremoso.

A noite,  deslizada que fora em calda de açúcar, cobrira-nos as almas outrora vestidas de verde. Todas as almas, outrora vestidas de verde. E as outras, já matizadas pelos primeiros rigores do Outono num tom amarelado, pálido e indiferente.

Não havia agora nenhuma sombra de dúvida que restaríamos neste abraço.

Os sonhos, amortalhados lado a lado, até ao raiar da Primavera…

 
 
Imagem: Lirios de Água de Claude Monet.  
 
 
 

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Desaguado em foz

 



Comprou o jornal dessa manha e embrulhou meticulosamente com ele, o olhar. Depois, dirigiu-se às margens, às suas próprias margens feitas de engano e lamento, de algum episódio eufórico e  muito pranto que lhe sulcava devagarinho o espanto. E só aí, se desaguou em foz.

Filipa Vera Jardim 

Imagem: Pintura de Artur Cruzeiro Seixas







segunda-feira, 2 de novembro de 2020

Água em suspensão



-Poderá a água imensa do meu mar  planar eternamente por debaixo de cada um dos nossos instantes?
-Sim, desde que me deixes percorrer sem pressas, uma a uma, todas as traves mestras ancoradas ao silêncio que te sustém os passos.

Filipa Vera Jardim


Imagem: "A Ilha dos mortos" de Arnold Bocklin

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Lugar



Parto depressa. Apesar disso, o tempo escoa - se devagar por entre cada um dos meus passos.  Por causa do que vivi aqui, presumo. Ou então, por causa do que julguei ter vivido aqui.
Não olho para trás. A mala de mão, pesada, transporta apenas o meu olhar embaciado.
Não sei quando perdi o resto do meu sorriso, debruçada que vivi tanto tempo, na balaustrada de um infinito sem nenhum espaço.
Hoje, sem nada, nem sequer o meu sorriso, parto. Muito depressa. Sou apenas água que estremece e me afoga devagarinho. Muito devagarinho. Uma corrente de água e a respiração entrecortada pelo vento a anunciar outras paisagens. Caminharei inteira e lá, onde a travessia se fará passagem, construirei então o meu lugar.

Filipa Vera Jardim

Imagem: "The Human Condition" René Magritte 1933

 

domingo, 11 de outubro de 2020




O vento chegou e com ele os momentos todos que tínhamos atirado pela janela, estreita muito estreita, da nossa vida. Eram momentos doces, inoportunos. Momentos de silêncio e de tagarelice. Alguns,  eram mesmo momentos felizes. Acontecimentos sem nenhuma importância que se enrolaram uns aos outros e se deixaram, muito simplesmente, levar.
O vento embrulha-me quase tudo o que perdi, quase tudo o que me esqueci, dizes-me baixo com medo de acordares alguma  inevitabilidade. E eu, eu apenas te seguro levemente pelos ombros e deixo escorregar uma lágrima de encontro à palma da tua mão porque percebeste finalmente que sem esses momentos, não há agora nenhum passado que tenha realmente valido a pena.

Imagem: "Wind from the sea" de Andrew Wyeth

terça-feira, 29 de setembro de 2020

Água


Encontrei-te parado. O olhar à espreita e as lágrimas que te rompiam horizontes pelo queixo abaixo. -O que se passa? - Não te sei dizer. Foi uma emoção que chegou assim e se aconchegou ao meu olhar transformando tudo em água. Penso agora apenas rios e efectivo maresia em tudo o que faço. O tempo é para mim um lago de água calada e o meu lugar um espaço de ribeiro, tão breve. Se te disser que em ti vejo uma pequena baía acreditas? - Claro que sim. As baías são lugares onde desagua tudo. O mar, as lágrimas, os caminhos e os horizontes. Sem baías o mundo ficaria seco. Definitivamente, seco. Pintura : "Impressão, nascer do sol" de Claude Monet

domingo, 6 de setembro de 2020

O Talento - RSTP Programa Poesia e Musica em Harmonia


Foi com muito gosto que participei no programa onde se falou de  talento e dos talentos de cada um e de todos. Com partilha e música.  
É no talento de cada um que se cumpre  muito da vida e da felicidade.