O vento chegou e com ele os momentos todos que tínhamos atirado pela janela, estreita muito estreita, da nossa vida.
Eram momentos doces, inoportunos. Momentos de silêncio e de tagarelice. Alguns, eram mesmo momentos felizes.
Acontecimentos sem nenhuma importância que se enrolaram uns aos outros e se deixaram, muito simplesmente, levar.
O vento embrulha-me quase tudo o que perdi, quase tudo o que me esqueci, dizes-me baixo com medo de acordares alguma inevitabilidade.
E eu, eu apenas te seguro levemente pelos ombros e deixo escorregar uma lágrima de encontro à palma da tua mão porque percebeste finalmente que sem esses momentos, não há agora nenhum passado que tenha realmente valido a pena.
Imagem: "Wind from the sea" de Andrew Wyeth
domingo, 11 de outubro de 2020
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
A nostalgia de um vento que sopra como quer e onde quer!Leva e traz o que nunca se perde,porque permanece memória dando sentido ao presente.
ResponderEliminarUm texto que desperta um olhar contemplativo sobre o passado não se desviando do presente.
Sempre um desafio a um olhar interior!
(A imagem de uma leveza impressionante num cortinado que abre horizontes)
Estou a trabalhar neste momento este tema da memória e tem sido uma inspiração para uma série de textos. Adorei este quadro assim que o vi por essa leveza
EliminarObrigada Concha