segunda-feira, 16 de abril de 2012

Mar em amor de pele




Começou por segurar devagarinho um resto de espuma entre o polegar e o indicador.
Água de um oceano inteiro, para cobrir de afagos...
Os dedos esticados sobre todo esse movimento, embrulhavam  agora, cuidadosamente , cada onda, na palma da mão.
Não seria preciso muito, para cobrir  de pele um oceano.
Só o tempo necessário da ternura, a embeber toda as lágrimas,  mal contidas desse mar.

Nascera assim, desvalido de água. Sem outro contacto que o da areia rude, das falésias agrestes, a arranharem-lhe as vagas.
Por isso se incendiava tantas e tantas vezes, num desespero de vento. Dias inteiros de destemperos, e raivas, galopando em tempestades ruidosas, a assustar quem se atrevesse a chegar-lhe à orla das emoções.

Jazia agora quieto e manso. Num marulhar  leve, oscilando entre os dedos de uma só mão.
A linha do horizonte parada, serena, de olhos postos, no sol
A boca entreaberta, a pedir beijos, salgados.
E uma gargalhada, de um mar, em amor de pele.

26 comentários:

  1. Uma maneira muito bonita de começar a semana.
    Boa semana!!

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  2. Obrigada Pedro. Boa semana para si também.

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  3. Parabéns por este seu oceano coberto de pele!!
    As ondas cobriram-me, das duas vezes que aqui vim, para o ler devagar e calmamente...

    Abraço
    Sónia

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  4. Obrigada Sónia.
    Um abraço um dia feliz :)

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  5. Esta história linda de um domador do mar...
    Um domador terno e sonhador, que nos faz sorrir a cada parágrafo!

    Beijos,

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  6. Bom as gargalhadas do mar, rendido, num amor de pele, provocarem sorrisos.
    Obrigada.
    Bj

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  7. A ternura e a sabedoria do amor a operarem verdadeiros milagres!
    Fico perplexa com a sua criatividade.
    Beijos

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  8. Um post que me devolveu a paz que procurei durante o dia. Obrigado.

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    1. Das coisas mais importantes: a paz e a tranquilidade.
      Sobretudo quando acabamos mais um dia...que o acabemos serenamente.
      Obrigada

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  9. Lindíssimo!
    Saboreei não só as palavras do poema mas também a estética da imagem escolhida.
    A hora do pôr-do-sol é o momento do dia que mais aprecio, pelas cores do céu e pela tranquilidade, seja no campo ou no acalmar do bulício da cidade :-)

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  10. Obrigada Luís Bonito.
    O fim do dia é sempre um bocadinho de tranquilidade. Até o vento, normalmente, respeita e faz por acalmar.

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  11. Excelente este mergulho tranquilo

    num terno mar
    em Abril
    onde tudo floresce

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  12. George Sand,
    ... e o mar é tão vasto, são lágrimas de sal, são afagos primaveris que talvez faça recuar a rudeza das areias.
    Beijinho e parabéns por esta beleza salgada. :)

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    1. Haverá sempre lágrimas.
      Haverá sempre afagos.
      As ondas recuarão, perante os dedos
      A pele, a obrigar o mar a reinventar-se
      Obrigada Ana :)

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  13. A pele, o mar, o oceano ou oceanos... Tudo em consonância, na sua vastidão.A pele o nosso maior órgão, o mar, os oceanos vastos a dominarem a terra...As lágrimas, salgadas, com o sabor a sal do mar salgado. Depois a carícia da água salgada na pele, pele com pele...
    Texto com sabor a poesia, o que não é de admirar. Há por aqui poesia e reinvenção todos os dias, formas novas do emprego da palavra, de saborear a palavra. E aqui o mergulho faz-se de alma e coração, neste laboratório de emoções.

    :)


    Bj

    Olinda

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    1. Gostei muito Olinda.
      Sobretudo do laboratório das emoções...fiquei a pensar no laboratório das emoções...
      Bj e obrigada

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  14. "Não seria preciso muito, para cobrir de pele um oceano..."

    basta uma caricia (e a compreensão)para acalmar a raiva das ondas..

    belíssimo.

    beijo

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    1. Penso que sim, que é isso, que acalma oceanos e os faz dobrar cabos de esperança.
      obrigada.
      Bj

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