Propositadamente, publico este texto, feito a duas mãos, com a Joana Santa Marta Granger,do blogue A simplicidade de existir sem "retoques", na exacta espontaneidade com que foi feito. Em termos, de comentário, imediato, no facebook
A imagem e frase propostas foram estas
torradinhas de horizonte embebidas em azul. São servidos?
Era apenas o espectador de uma dança cujos passos nunca quis aprender. Olhou a névoa que se erguia sobre as areias, e desejou ver as suas pegadas, ali, sombra dos pés dela. Dançando as mesmas notas, copiando as palavras repletas de razão e sentido, onde o adeus jamais teria lugar...
Pegou no pincel e ficou, eternamente, a desenhar pássaros. Todos da mesma cor.
Pássaros presos num papel desbotado, de sempre azul e, sem nenhuma margem para voar.
Só o vento lhe traria novas, de uma dança longínqua, em pontas...
Tentou imaginar a linha do horizonte carregando nos tons de um só azul, mas este esbatia-se e fundia-se de novo. Queria marcar aquele troço que separa o sonho da realidade, queria agarrar as mãos dela, e na valsa da intempérie, empurrado pelo vento, deslizar para fora do seu mundo, que agora percebia ser tão pequenino, tão insignificante. Apenas mais um grão de areia como os que escorriam por entre os dedos...
De uma dança de azul, em pliê de sol...
Nada é mais inspirador que sentar em cima de uns trocos de árvore trazidos pelas marés, com histórias de mil viagens cravados nos seus rasgos, olhando o silêncio comovente do bater da ondulação do mar, azul, nas areias desprovidas de pegadas...
Ao que sei ele sentou-se na sombra, de azul e mais azul. Sem nunca largar o azul.
Pincelaria com ela, uma única dança, de curvas de marés, a redesenhar, então, a paisagem.
Longe ficaria a vontade de partir...
Tão parca lhe parecia agora a cor azul, quando espelhada nas cores da nostalgia de quem se deixa preencher, pela melodia da saudade, mesmo antes de a sentir. A brisa que contornava as rochas que o mar teimava em definhar, clamando a si, o calor das suas areias douradas, parecia-lhe sussurrar de volta as palavras que tantas vezes aqui partilhou, com estes mesmos paus, onde agora se sentava.
Percorreu com os dedos a marcas de um mar também para eles, impiedoso. Mas eles aqui continuavam, fortes, sustentando o peso do seu corpo, parado, tão distante da leveza da sua alma revoltada...
Ela dançava. Alheia, já, a todas as pinceladas.
Tinha-se embriagado de mar.
os braços espaçados na ventania e o olhar mergulhado numa qualquer paleta.
Um abraço sereno do sol, seria, agora, o bastante para a fazer rodar.
Levá-la-ia longe a dança...
Para muito longe desse lugar.
E ele, pregado, à sua fúria de azul...
Ao que sei ele sentou-se na sombra, de azul e mais azul. Sem nunca largar o azul.
Pincelaria com ela, uma única dança, de curvas de marés, a redesenhar, então, a paisagem.
Longe ficaria a vontade de partir...
Tão parca lhe parecia agora a cor azul, quando espelhada nas cores da nostalgia de quem se deixa preencher, pela melodia da saudade, mesmo antes de a sentir. A brisa que contornava as rochas que o mar teimava em definhar, clamando a si, o calor das suas areias douradas, parecia-lhe sussurrar de volta as palavras que tantas vezes aqui partilhou, com estes mesmos paus, onde agora se sentava.
Percorreu com os dedos a marcas de um mar também para eles, impiedoso. Mas eles aqui continuavam, fortes, sustentando o peso do seu corpo, parado, tão distante da leveza da sua alma revoltada...
Ela dançava. Alheia, já, a todas as pinceladas.
Tinha-se embriagado de mar.
os braços espaçados na ventania e o olhar mergulhado numa qualquer paleta.
Um abraço sereno do sol, seria, agora, o bastante para a fazer rodar.
Levá-la-ia longe a dança...
Para muito longe desse lugar.
E ele, pregado, à sua fúria de azul...
Era apenas o espectador de uma dança cujos passos nunca quis aprender. Olhou a névoa que se erguia sobre as areias, e desejou ver as suas pegadas, ali, sombra dos pés dela. Dançando as mesmas notas, copiando as palavras repletas de razão e sentido, onde o adeus jamais teria lugar...
Pegou no pincel e ficou, eternamente, a desenhar pássaros. Todos da mesma cor.
Pássaros presos num papel desbotado, de sempre azul e, sem nenhuma margem para voar.
Só o vento lhe traria novas, de uma dança longínqua, em pontas...
Tentou imaginar a linha do horizonte carregando nos tons de um só azul, mas este esbatia-se e fundia-se de novo. Queria marcar aquele troço que separa o sonho da realidade, queria agarrar as mãos dela, e na valsa da intempérie, empurrado pelo vento, deslizar para fora do seu mundo, que agora percebia ser tão pequenino, tão insignificante. Apenas mais um grão de areia como os que escorriam por entre os dedos...
De uma dança de azul, em pliê de sol...
Muito bom! Por vezes partir do que nos parece banal, dá resultados extraordinários.*
ResponderEliminarObrigada.
EliminarUma forma das redes sociais servirem também para outro tipo de partilhas e experiências. Um bocadinho, em troca de comentários, com a Joana Santa Marta Granger, deu este resultado que achei interessante.
Existem pequenos momentos assim: inspiradores :)
ResponderEliminarObrigada Isa.
EliminarForam uns momentos engraçados. De vez em quando fazemos isso :)
Poderia dizer que se tratou de uma desgarrada linda e inspirada, onde o final de uma das vozes se reinicia na seguinte, sem nunca se perder o fio à meada!
ResponderEliminarRespostas necessariamente em registos diferentes, mas com uma continuidade e beleza, que não é fácil de encontrar.
Ahhh... e o final, em jeito de epílogo, é a cereja em cima do bolo.
Beijos,
Foi isso: uma desgarada que culminou numqa história de dança e num amor de ausência em registo de azul.
EliminarMantive os registos tal como eles são, necessariamente diferentes.
O final é sempre o títtulo. (nunca surgem no início, não sei porquê)
Bj e obrigada
A experiência acabou por ter um resultado muito interessante. Afinal não é só na música e na dança que os "duetos" conseguem fazer coisas maravilhosas :-)
ResponderEliminarUm bom domingo!
Os duetos fazem sempre coisas maravilhosas.`
ResponderEliminarO outro, é enriquecedor. Ou então, não é dueto.
Obrigada
Um bom domingo também para si.
Uma óptima maneira de iniciar a semana.
ResponderEliminarVotos de boa semana!!
Obrigada Pedro Coimbra
EliminarUma boa semana para si também.
Uma ternura a duas mãos
ResponderEliminarObrigada :)
EliminarPoesia em prosa a duas mãos mas, sobretudo, a duas almas.
ResponderEliminarParabéns.
São duas mãos e duas almas efectivamente.
EliminarDuas formas de abordar o mesmo tema, que se tentaram complementar.
Obrigada
uma dança de palavras belas e cumplicidades afectivas...
ResponderEliminargostei muito.
beijo
Heretico,
EliminarUma dança de palavras e cumplicidade de escrita, com uma prima :)
Bj