domingo, 7 de agosto de 2011

Palavradas

São milhares as palavras que lançamos ao vento. Frases desalinhadas. Ditos de memória curta.
Textos de efémero. Traçados a giz, desbotado...
São tantas num só dia, que imagino que só o vento as transporta, ansioso, como sempre é o vento, na pressa corrida de chegar a lugar nenhum.
Palavras e folhas de plátano. Palavras e papeis de rebuçado. Palavras e plásticos amarrotados. Palavras e folhas de jornal relidas, cavalgando unidas por coisa nenhuma...nem ninguém, que as oiça, realmente.
Serão milhares e milhares de sílabas. Compostas. Sobretudo no tempo, da ausência dos gestos.
Esses sim, muito mais escassos e de leitura recta.
Creio que por vezes, consigam alcançar aurículas, ventrículos ou a própria alma. Que não imagino, se leia facilmente, traçada na pressa, de uma diagonal.



2 comentários:

  1. Apesar de tudo, gosto de pensar que algumas volteiam no vento carregando sentidos que um dia alguém escutará.

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  2. Caneta: essas são as importantes. Aquelas que muitas vezes vão para lá das palavras, e se encontram,também nos gestos. Ou pelo menos, se complementam nos gestos

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