quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Noite





A noite pendura-se no varandim da vida.
Como se não houvesse amanhã.
Fica ali, perdida,
A contemplar os espaço vazios.
De  um caroço esquecido...
Num resto de maçã.

A noite debruça-se para ver passar.
Quem se arrisca,
passear ao luar.
Pedir à memória a prioridade,
De esquecer o que há para esquecer,
E o resto...
Imaginar.

No tempo da vida.
Um quarto para nada...
Os doze murmúrios
De uma badalada.
A noite, soberba,
vestida de estrelas.
Sapato de tango.
Sempre, sempre
A dançar.





( A fotografia é do Mário Castello, tirada na Serra da Mantiqueira, SP, Brasil.)




4 comentários:

  1. Pois eu esta noite que ainda decorre estou com jet lag brasileiro...nao ha pior! Mas gosto muito de bailar....na vida!

    Luis Bernardo

    ResponderEliminar
  2. Luís Bernardo,

    Ainda bem que gosta de bailar na vida. Sem isso ela fica muito aborrecida.
    Quanto ao jet lag há um truquezito que dá algum resultado: não ir na conversa das comidinhas nos aviões a horas em que o estômago não está habituado. Parece que é isso que desregula tudo.

    ResponderEliminar
  3. Olá, George Sand

    George Sand como a Amandine Dupin? Logo, género feminino...
    Fui logo entrando pela varanda que deixou aberta - na noite da vida, sem amanhã. Mas, mesmo assim, há as estrelas e a oportunidade de 'esquecer o que há para esquecer' ao som de um tango.

    Poema lindo, que faz pensar.

    Olinda

    ResponderEliminar
  4. Olinda.

    Exactamente. Parece-me que é o primeiro comentário que refere a origem deste pesudónimo: as sonatas como pano de fundo. Das janelas, do tango e da vida.
    Sendo que a vida só tem uma certeza: o presente. E uma única esperança: o futuro.
    O passado, ficou lá atrás. Quando muito, esperemos que sem pesar demasiado na balança celestial.
    Ainda bem que gostou. Volte sempre

    ResponderEliminar