Espero que amanhã te saibas e te encontres ao fundo da rua. Os passos que vestires irão acompanhar-te até à penumbra do dia. Uma volta concêntrica, apertada e começaras a pensar se é possível repetir tudo amanhã.
Os mesmos rostos, os mesmos anseios, a gargalhada embebida de sol a que te agarras com força.
O tempo escorre -te devagar, no ritmo manso da urgência que te completa.
Como se o vagar embalasse tudo. Como se por causa do vagar a vida fosse, ela mesma, mais controlável.
Aprendes-te há muito, no fundo da rua em que te sabes e te encontras, que a vida não tem nada de controlável. O vagar é apenas um jogo de sombras, um episódio e um remanso.
Amanhã os passos que vestires serão absoluto e lugar, até à penumbra.
Filipa Vera Jardim
Imagem: " A Estrada da Comenda I " de Manuel Amado (1993)
Equilíbrio na assimetria
ResponderEliminarPode ser, sim. Obrigada pela visita
EliminarRealmente a vida é incontrolável, embora às vezes se pense que a controlamos.
ResponderEliminarMas é bom viver devagar.
Bom fim-de-semana:))