Nada nem ninguém faria prever.
Uma mala pousada à pressa, no chão, de urze, da frontaria da casa.
Quase tudo, misturado no amarelo da Primavera. Quase tudo o que lhe acontecera. Década por década.
Quinzena por quinzena, à exaustão do instante.
Tinha dobrado bem a vida.
Vincado os dias de azul. E, trespassado, de ponta a ponta, com linha encarnada, os outros. Esses que fora cinzelando.
Vivemos sempre entre o azul e o sombreado. Inequivocamente!
Por vezes- muito poucas essas vezes- em breves instantes de um tempo. Surpreso e suspenso, que nos deixa coexistir a amarelo.
Numa ou noutra travessia, podemos fazê-lo em passos largos, de braços alados ao verde. Mas só, numa ou noutra, pequena, travessia.
A mala levava-se consigo, para muito longe.
Lá, onde não haveria nem tempo, nem vagar, para o recordar da memória.
Soariam breves, os passo da viagem. nesse destino ingrato. Trespassado na lonjura maior: o lugar, onde o silêncio se faz de agruras mal passadas, e a paisagem se redesenhada, numa vaga pintura, de um imenso, rasto de si...
Olá, George Sand
ResponderEliminarCom os braços alados de verde numa ou noutra travessia já é alguma coisa, mas nunca o todo, a totalidade daquilo que exigimos à vida e que nem sempre alcançamos.E o recordar da memória é tão necessário, é o rasto de nós...
Belíssimo texto.Gostei muito.
Bj
Olinda
Recordamos a memória, mesmo quando não queremos.
ResponderEliminarE sim, a vida é muitas vezes inalcancável, pelo menos, na sua plenitude.
Obrigada Olinda.
Bj
talvez nas matizes das cores, ainda o arco-iris!...
ResponderEliminargosto. muito.
beijo
Obrigada.Bj
EliminarÀs vezes é preciso o silêncio para nos revigorarmos, outras porém, é dor. Desejo que a ficção se enfoque no primeiro silêncio.
ResponderEliminarParabéns pela escrita.
Beijinho.
Muitas vezes, é dor Ana.
EliminarOu dor, transformada em força.
Beijinho
tantas cores ...
ResponderEliminar:-D
Gosto de cores Rita. Cores e traços.
EliminarObrigada.
Bj
Por vezes torna-se necessário (ou imperativo) fazer as malas...
ResponderEliminarAs malas que nos acompanham, toda a vida
EliminarObrigada
bj
A vida tem sempre várias cores e é talvez a sua alternância que lhe dá sabor.Entre uma e outra cor há por vezes silêncios que doiem muito!
ResponderEliminarDoem os silêncios e doem também alguns matizes...é assim.
EliminarBj e obrigada Concha
As malas, o nosso destino(se é que há destino?!), acompanham-nos sempre!
ResponderEliminarBeijinhos,
Acho que sim mfc, acho que há pelo menos caminhos.
EliminarE as malas fazem parte de nós.
Obrigada
bj
Muito bonito, como sempre!
ResponderEliminarParabéns pela sensibilidade!
"o lugar, onde o silêncio se faz de agruras mal passadas"
Oxalá a sua personagem alcance o lugar onde o silêncio se faz de cumplicidades e de desnecessidade de palavras.
Abraço
Lídia Ponti
Obrigada Lídia Ponti.
EliminarSão difíceis, esses lugares de silêncio em desnecessárias palavras. Mas creio, que não são impossíveis.
Abraço