segunda-feira, 11 de junho de 2012

Consciência em silêncio, no tempo, do teu coração


Acontecia deitar-se sem se escutar.
Passar todas as vinte e quatro horas, de silêncio absoluto.
Acontecia muitas vezes, deitar-se sem  se escutar. Não porque fosse uma escolha.
Sabia  perfeitamente, que não era uma escolha.
Deitar-se-ia , assim, numa sepulcral ausência de Si. Sem nenhuma  alternativa.
Nem o velho gira discos, que encostara permanentemente, à sua breve história, lhe serviria de alternativa.

Depois de um ou dois dias, era preciso sentar a consciência, no ramo mais alto e deixá-la livre.
O Eco, tomado a pulso, de dentro do peito como um uivo, cederia então, ao ar.
Se o calor da tarde o permitia, subiriam em espiral , os devaneios. Todos os devaneios. Aqueles que se esperam. e os outros:  os que se inventam.
Nos dias de inverno, cairiam como flocos, pegajosos e frios,  as questões.
-Deixa-me que te pergunte!
-Deixa-me que te pergunte a ti, que és parte intrínseca de mim: o que fizeste da ausência?  Essa, que não te permite, agora, sequer, escutar-te?
Onde perdeste tu a distância precisa, entre o  movimento de quem anda e, o  movimento de quem se contempla?
Não fora a consciência, sentada em cima, e nem um suspiro se ouviria mais. No tempo, todo do teu  coração...



16 comentários:

  1. MARAVILHOSA! ENGENHOSA PROSA POÉTICA QUE ME TRANSPORTOU AO CUME,AO ÁPICE,ONDE MORAM OS SONHOS! AMEI!

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  2. Obrigada Marcia
    Gosto que tenha gostado.

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  3. O silêncio deve permitir que a consciência se sente bem no cimo da árvore, porque só assim ela será totalmente livre,podendo voar tranquilamente pelo mundo fantástico dos sonhos.

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    1. Até ao fundo de nós mesmos. Lá,onde a fabrica do onírico, trabalha incessantemente.
      Obrigada Concha.
      Bj

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  4. Parabéns! Gostei deste encontro com o silêncio e a consciência.
    Beijinho.

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    1. Um encontro que me é tão necessário.
      obrigada.
      Beijinho

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  5. O que fazemos, de facto da ausência...?
    Uma boa reflexão, com perguntas que nos devemos fazer!
    Beijos

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    1. Obrigada Usa.
      Podemos em alguns casos, tentar tornar presente, a ausência.
      Bj

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  6. Nunca deveríamos permitir a ausência de nós!
    Não temos o direito de nos negarmos...
    Uma alegoria que nos questiona e inquieta.

    Beijos,

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    1. Nunca nos podemos ausentar de nós. Sob pena de perdermos a face, no processo.
      Obrigada. talvez esteja aqui um tema...
      bj

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    1. Diálogos de espelhos, com intermediário de consciência.
      Obrigada

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  8. Talvez o silêncio seja
    "... a distância precisa, entre o movimento de quem anda e, o movimento de quem se contempla..."

    Num todo reflexivo e profundo,
    retive em especial essa poderosa e belíssima conjugação.

    Bjo.

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    1. Um movimento que necessita obrigatoriamente do outro.
      Obrigada
      Bj

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  9. Você nem sabe pôr as vírgulas, para não falar do resto.
    Dedique-se ao escabeche.

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    1. Gosto de cozinhar, sim.
      E compreendo perfeitamente o seu ponto de vista. Só há um ponto de vista, para alguém se dar ao incómodo, de comentar, o que não gosta.
      Volte sempre! Faz-lhe bem!

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