quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Operação de Sonho






Sentou-se na beira da maca. Com a leveza de quem não quer que lhe atravessem as barreiras do silêncio.
Sabia que tinha que ser assim. Há muito tempo que sabia que tinha que ser assim.
Um angústia surda invadia-lhe o peito...não se queria esquecer desse beijo. Nem do cheiro a terra molhada. Nem de acordar a tempo de ainda revolver os lençóis, antes de um duche apressado.
O tempero do fim de semana, no destempero dela.
Adiara o que fora possível. Até ouvir borboletas a todas as horas e quase não poder conter as emoções.
Sem espaço de manobra quedara-se agora ali, no absurdo da  beira da maca. Vestido da única esperança possível numa situação dessas.
Que não fosse o sonho de amar. Nem o de ser gostado. Nem o de ouvir Malher, nem o de lhe dar um beijo  e outro e outro, debaixo da chuva.
Via já a mesa de instrumentos.
Dissecadores de sonhos, de todas as medidas, com todos os feitios.
Perguntavam-lhe o nome
- Chamo-me o que quiserem. Mas  só não me tirem o sonho de... SER

Acordou dois dias depois... ESTAVA.



6 comentários:

  1. Tão bonita esta prosa.
    Tem uma mistura delicodoce e ao mesmo tempo amarga.
    Se calhar não descodifiquei bem mas gostei.
    Abraço!

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  2. Ana,

    Ainda bem que gosta.
    Escrevo assim...talvez para que cada um descodifique à sua maneira.
    Obrigada
    Bj

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  3. A sua escrita é muito diferente de tudo quanto leio.
    Uma escrita artística, cheia de imaginação, sensualidade e profundidade.
    Parabéns. Gosto mesmo muito

    Cumprimentos

    Vasco Correia

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  4. Vasco Correia,

    Obrigada pelas suas amáveis palavras.
    Cumprimentos

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  5. Ser e Estar.

    Uma forma incomparável de encarar estas duas realidades...ou então este sonho de ser e estar.

    Adoro a sua escrita.

    Bj

    Olinda

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  6. Obrigada Olinda.
    Sempre um estímulo as suas palavras.
    Bj

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