quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Inverno

É no Inverno que abafamos o riso, tornado contralto,  em golas de lã.
É no Inverno que destemperamos o choro com chuva. Até  quase o cristalizar, numa espécie de geleia, de um verão interrompido.
É no Inverno, que as recordações teimam em se colar aos sapatos. Em forma de estrelas de plátanos, de musgo, de terra.
É no Inverno que as palavras se recortam em murmúrios e sussuros, desgarrados do vento que teima em passar.
É no Inverno que o silêncio se faz penumbra, cedo. E cedo adormece os pensamentos, em danças breves de sombras.
É no Inverno que o silêncio nunca acontece. Nem no destempero do lume ele acontece.
(...)
George Sand

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