PIETÀ
Por delicadeza
Devia cada um resolver seu vestígio,
Não deixar o corpo a esmo,
Atravessado na passagem,
Sem desejo, sem enigma.
Mas se me fica o teu corpo
Eu te arrepanho nos braços
Com a maternidade do ofício
E lavo os teus ombros
De quanto pesou sobre eles,
O teu sexo, que a nenhum afago responde,
Lavo os teus pés, o ato mais santo.
Eu te arremato, eu te limpo da vida,
Faço com que desapareças,
Que o teu equívoco me abasteça
Da razão dos humildes.
Fardo ensoalhado, esse,
De amparar o meu próprio destino.
Mariana Ianelli in "Treva Alvorada", Iluminuras, 2010
Mariana Ianelli, um nome que é já uma afirmação, na poesia de lingua portuguesa, para nós Portugueses, continua a ser um nome pouco conhecido...
Nasceu em são Paulo, em 1979 e conta já com uma vasta obra poética.
Trajetória do antes (1999)
Duas Chagas (2001)
Passagens 2003)
Fazer silêncio (2005) Finalista dos prémios Jabiti 2006 e Bravo! Prime de Cultura 2006
Almádena (2007) Finalista do prémio Jabuti 2008
Treva Alvorada (2010)
Recebeu ainda o premio Bounge de Literatura na categoria Juventude e foi no ano passado, finalista do Portugal Telecom.
Eu não conhecia.
ResponderEliminarE fiquei verdadeiramente impressionado
Pedro Coimbra,
ResponderEliminarA Mariana Ianelli, por incrivel que pareça, não está editada em Portugal.
No Brasil estão a ser editados os autores portugueses. Em Portugal a literatura brasileira chega a conta gotas...