Acordámos assim, os
braços submersos, debaixo de um suspiro longo e cremoso. A noite, deslizada que
fora em calda de açúcar, cobrira-nos as almas outrora vestidas de verde. Todas
as almas outrora vestidas de verde. E as outras, já matizadas pelos primeiros
rigores do Outono, num tom amarelado, pálido e indiferente.
Não havia agora, nenhuma sombra de dúvida que restaríamos neste abraço. Os
sonhos amortalhados, lado a lado, até ao raiar da Primavera.
Gotas de chuva grossa invadiam os espaços e afogavam qualquer pensamento que
tentasse emergir.
Por dentro, os braços submersos evitavam a todo o custo o ar que sempre se
esgueira de um suspiro.
Os olhos ainda semicerrados permitiam apenas negas de luz.
Dos sonhos não restava quase nada a não ser o vazio silencioso.
Acordámos assim e, assim iremos
permanecer.
Imagem: "Chopin de George Sand" de Eugène Delacroix
Acordar na languidez de um sonho,é o suficiente para que o dia ganhe um novo sentido e a vida se faça com esperança!Feliz dia!
ResponderEliminarSão sonhos Concha. Só sonhos. Um feliz dia para si também
EliminarDuas figuras que "amo". Separadas ou não contaram imenso para a "nossa" verdadeira Cultura. Um beijo e sonhemos...
ResponderEliminarResta-nos isso nestes tempos conturbados. São duas figuras de que muito gosto: Chopin e George Sand.
EliminarUm beijo
Sonhos acordados
ResponderEliminarSempre. E se persistem em adormecer cabe-nos a nós acordá-los.
EliminarObrigada