sábado, 14 de outubro de 2017

Setembro



Setembro fazia-se sempre a tempo.
Sobretudo no vento que rodopiava cá em baixo. E obrigava a dançar o areal, em ritmo acelerado de nortada. O mar subia agora ao pico do equinócio, deslizando entre a saudade de quem se vai,quase por completo, para logo voltar, senhor de todos os espaços. Na praia, restavam apenas algumas barracas. Em cima, na serra, despontavam as amoras. E o gosto de se lhe beber da seiva e de se lhes juntar o mel da urze e da giesta. Amoras douradas, com sabor a vento, essas. Nascidas do olhar arregalado do mar.

Filipa Vera Jardim in " São Martinho do Porto - Momentos"

O quadro: Outono de José Malhoa

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