segunda-feira, 9 de junho de 2014

Desvanecia-se





Primeiro puxou um a um, pelos ombros, os pedaços de pele enrodilhada.
A seguir, dos calcanhares para cima, descarnou-se. Os ossos a bambolear no vazio, à procura dos restos das veias, que tombavam, em molhos, ensarilhadas no chão.
Por fim, sem dó, nem si, cravou as unhas com toda a força no rosto. Os olhos rolaram como berlindes, pelas cavidades abertas.
Desvanecia-se…
(…) E os restos da alma, que nem o tutano,  jamais  lhe alcançaria.



A fotografia é do fotógrafo Michael Macku.



7 comentários:

  1. assim o deus Espectáculo - de alma esvanecida...

    (diria sem alma)

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    1. Pode ser herético...pode ser.
      Ou alguma coisa, esquecida, no fundo "desensolarado", de si.
      Obrigada

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  2. Trecho impressionante assim como a imagem.
    Ao menos a alma...

    Bj

    Olinda

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    1. Ao menos a alma,
      Mesmo que perfurada,
      Apesar de todas as angústias.
      Bj e obrigada Olinda

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  3. Será esta a metáfora do "Homem Novo"?!
    ;)

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    1. Todos os homens são novos. Ou são-no...de novo.
      Obrigada Bartolomeu

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  4. Um pouco arrepiante mas se for para renascer há males que vêm por bem.
    Boa noite!:))

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