terça-feira, 14 de abril de 2020
Longitude
Ontem, ao dobrar de um cabo da minha vida, encostaste-me sem que eu desse sequer por isso uma longitude que desconheço.
A estrada está agora totalmente vazia e porei, doravante, os pés exactamente aonde eu mereço.
A minha longitude será um vazio ou um qualquer promontório. Um ponto a roçar o desmembramento dos dias, eu sei lá…
Neste reinício, desde ontem, uma recta sombreada perpassa-me a urgência e o medo.
Atrevo-me a dizer que por esta longitude, atravessarei corajosamente todas e cada um das paisagens, todas e cada uma das consequências, todos e cada um dos lugares.
Dir-me-ás tu, que me encostaste esta longitude, no final, lá bem no final, se eu sequer vivi. Se eu sequer existi. Se os caminhos que me impus ou que tu me impuseste foram estreitos, arqueados, coloridos, nefastos, irrisórios ou apenas calados.
E então, amanhecerei assim, amarrada ao meu infinito de ponto cardeal.
Pintura: Joseph Wright of Derby
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é preciso orientar as estrêlas
ResponderEliminaraté ser outro dia
Sempre. As constelações permanecem.
EliminarObrigada
Obrigada.
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