Acordei a pensar que o mundo era finito, hoje. Tudo acabaria, num passe de mágica , ao nascer, ou ao romper da aurora.
Restaria depois disso, o lugar vazio e mais nenhum tempo.
E espaço outrora ocupado por coisas inertes e mais nenhum sonho.
Estiquei -me para fora da janela a ver passar quem ainda passava e, a pensar que daqui a nada ou daqui a tanto, é indiferente, seria só o fumo dos corpos e o espaço dos passos a desabitar este lugar.
Como se a vida se tivesse desnorteado de repente e não soubesse muito bem para onde ir.
Estiquei-me mais para fora da janela, os braços nus pendurados no abismo e os olhos a dançar ao compasso do vento.
Daqui a nada ou, daqui a tanto, não seria preciso esticar-me para fora da janela. Haveria nessa altura um enorme fora, efectivamente. No entanto, nenhum dentro.
Um a um, contei os transeuntes que restavam na rua a passearem como formigas num carreiro e gritei-lhes e lancei-lhes uma corda…
Fotografia : LHC - the large Hadron Collider
Na ponta da corda ia um convite ou… uma sugestão: amarra-a em volta do pescoço e espera, até que os teus pés deixem de sentir o chão...
ResponderEliminarPode ser Bartolomeu. Há finais quase impossíveis.
EliminarTudo se move
ResponderEliminarHá sempre algo ou alguém em movimento. Obrigada
EliminarA consciência da vulnerabilidade da vida e a incerteza de outras realidades.
ResponderEliminarExactamente. Pensamos que somos tanto e afinal...
EliminarObrigada pela visita e pelo comentário.