terça-feira, 22 de outubro de 2013

Pela alma abaixo




Nunca olhava para o pulso a  ver as horas. No pulso trazia apenas as linhas demarcadas de lugares alinhavados e, a espaços consentidos.
O tempo, esse recanto de infindável, escorregava-lhe inevitavelmente pela alma abaixo.
Impossível de conter um tal rio de vicissitudes, de alegrias, de escapatórios momentos, vividos às pressas.
Encavalitadas quase por cima de si mesmo, ficavam as voltas e reviravoltas que ainda haveriam de ser. Espreitavam amiúde, por cima do ombro, na esperança de ver no balanço, o momento preciso. Como se existisse um momento preciso…

Segurou-o na dobra do cotovelo, o tempo, assim escorregado. E alma, que  o trazia colado e parecia pairar.

15 comentários:

  1. Sobretudo os pássaros, são assim.
    Obrigada

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  2. alma - vara do tempo!
    onde se inscrevem os sinais - e escorregam todos os balanços.

    admirável escrita - a tua

    beijo

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  3. Pus o comentário há segundos...mas evaporou-se: coisas de anjos... Vinha dizer que esta imagem me maravilhou: um anjinho negro! Tenho pensado nisso e choca-me não haver na bela pintura um querubim, um anjo que seja negro! Até escrevi um texto que perdi em que lamentava essa história. Hoje fiquei contente ao ver esta beleza! Obrigada por me dares essa alegria!
    Chez George Sand há humanidade, inteligência e beleza... Admiro esse lado da outra George Sand também.
    beijos

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  4. Pela alma abaixo é que passam as coisas importantes, M.

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    1. Há anjos de todas as cores e de mil sorrisos Maria João. Por isso este menino anjo.
      Fico contente por ter gostado.
      Obrigada
      Bj

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  5. Nunca olhava para o pulso a ver as horas,porque de braços abertos acolhia todas as que viessem no fascínio que é a surpresa da vida?
    É sempre muito bom poder lê-la.
    Beijo com gratidão

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    1. Talvez seja por isso mesmo Concha...de braços abertos à vida e ás várias leituras que destes textos possam fazer.
      Bj e obrigada

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  6. Por onde anda? tenho vindo ao seu canto "chez George Sand" e não anda por cá...
    Bom fim de semana!

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    1. Muito "faltosa" eu sei...mas com projectos.
      Obrigada e bom fimk de semana MJ Falcão

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  7. Todo o poema é, talvez, um espaço de espaços consentidos

    Bjo.

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