Experimentou...apesar de todos lhe dizerem que era feito de sabão, sair à rua num dia de chuva. Não derreteu mais do que o necessário para escorregar o silêncio no alcatrão. Foi só isso que aconteceu: escorregou o silêncio no alcatrão.
Mas ao contrário do que se podia prever, não se desfez.
Mal chegou a casa, despiu a gabardina, descalçou os sapatos e sem saber porquê, começou então a chorar.
As lágrimas correram céleres e foram deixando um rasto de bolas de sabão, que pouco a pouco lhe foi desfazendo as ideias…
Uma a uma, rolaram, perdidas, pelo chão.
A ideia de(vida) a ser assim.
A ideia parecida, com não poder.
A ideia de achar que era capaz.
A ideia sincera do acontecer.
A ideia esquecida,
de um tempo passado.
A ideia feita, destemperada,
A ideia de quase tudo...
no desespero.
no desespero.
Tão perto da ideia,
de quase nada.
Chegou ao fim, da única forma possível: desfeito de gente.
Ideia corajosa que arrosta com as intempéries, Ideia feita poema que persegue o nada que, por sua vez, se transforma no quase tudo...
ResponderEliminarUm texto original, com uma ideia original e muito envolvente.
Bj
Olinda
Muito bom!!!
ResponderEliminarObrigada Olinda.
ResponderEliminarDeixei escorrer as palavras, na dança da chuva e, deu ...nisto.
Obrigada Lucia!
ResponderEliminarConcluo que se tratava do verdadeiro OMO sapiens :))
ResponderEliminarPedro Coimbra,
ResponderEliminarNão sei se era mais o OMO sapiens se o PRESTO, aquele que tinha uns glutões redondos, capazes de engolir qualquer nódoa...grandezas publicitárias!
Muito bom!...e o comentário do Pedro Coimbra está genial:)
ResponderEliminarMuito bom! Aqui , além de boa escrita também há boas ideias...
ResponderEliminarObrigada Hugo M. E, o Comentário do Pedro Coimbra está de facto muito bom.
ResponderEliminarObrigada Luís. Publiquei mais pela ideia.Precisa ser trabalhada, eu sei.
(Aproveitando a boleia do Pedro Coimbra, que comentou de forma soberba)
ResponderEliminarOMessa, então ainda há quem acredite em publicidades? Assim sendo, no fim apenas fica a factura por pagar e um monte de roupa por lavar.
Gostei muito da ideia, dos desperdícios em saponária...
Beijo :)
Às vezes a vida tem muito, de desperdícios em saponária.
ResponderEliminarExcelente texto, sublinho o comentário do Pedro Coimbra!
ResponderEliminarObrigada Ana.
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