Podias ter passado por cima de cada uma das gotas, que ecoavam, do último patamar da tua existência. Não fora dar-se o triste caso de teres nascido sem asas. Nenhumas asas. Nem daquelas, pequeninas, que nos embalam devagar, os sonhos. E, nos permitem fingir que voamos. Mesmo que seja só até ao cimo do quarto. No espaço de divisória da placa, aos pés do armário, repleto de recordações, dos vizinhos do quarto andar.
Foi por causa disso, que bordei, a tarde toda, um guarda chuva de abraços. Pequenos. Entrelaçados. Partindo do princípio que se sairias assim, sozinho, num dia de chuva, sem saberes voar, nunca mais te encontrarias.
Foi quase isso... A água que caiu toda a noite, ensopou-te de tal forma os olhos, que de manhã, só por mero acaso, os encontrei.
Estavam vazios e meios desmaiados de luar.
por cima, duas mãos estendidas, enrodilhadas nas linhas coloridas . Os nós desfeitos. O pontos perdidos.
O que restava do meu guarda-chuva...de abraços.
A fotografia é do fotógrafo Mário Castello
Um guarda-chuva muito bonito ... pena é instalar-se o silêncio.
ResponderEliminarBj.
Mas que beleza de carta/poema !
ResponderEliminarO grifo, com um guarda.chuva bordado de abraços, voaria até ao sem fim, Filipa !
Um beijo bem merecido.
Ana,
ResponderEliminarObrigada. Silêncio...e o meu também em relação a si e aos blogues que sigo. Mea culpa...alguma falta de tempo que será resolvida.
Bj
João Menéres,
Muito obrigada pelo seu amável comentário. Gosto de pensar, que ainda são possíveis, guarda chuvas de abraços.
Bj
Triste ter-se nascido sem nenhumas asas, nem mesmo as dos sonhos.
ResponderEliminarBonito o seu texto.
Um abraço
Infelizmente, tanta gente que nasce sem asas, nem mesmo as dos sonhos...obrigada Isbel
ResponderEliminartexto-retrato com uma textura reconfortante, bonita perspectiva esta do guarda-chuva de abraços. eu gosto de abraços. trazem-nos um mundo de sensações, excelentes condutores de calor, calor humano. um guarda-chuva assim tecido, bordado, ponto a ponto, ganhará asas, podem ser de sonhos, que alimentam a alma.
ResponderEliminarbj
olinda
Olinda,
ResponderEliminarAbraços começam a ser raros. Pelo menos desses que se constroem, ponto por ponto.
Infelizmente no texto, nem assim se ganhou asas...mas que se ganhem na nossa imaginação
Obrigada
Bj
visiting from Turkey
ResponderEliminarbom dia my friend
http://laracroft3.skynetblogs.be
http://lunatic.skynetblogs.be
George Sand,
ResponderEliminarNão me estava a referir a esse silêncio mas ao silêncio dos que têm asas e não podem voar... à tristeza dos olhos encharcados.
Também me debato com esse problema:o tempo!:)
Bj.
... belo guarda - chuva
ResponderEliminarse for possível
não resistir a um sopro de vento
para voar
Uma carta ou um texto poético cheio de ternura e beleza!
ResponderEliminarUma ternura por vezes doída... mas ainda assim ternura!
beijinhos.
Ana,
ResponderEliminarObrigada. Passarei amanha, sem falta e com algum tempo. Para poder ler com calma.
Bj
Mar Arável,
O vento...nem sequer havia vento.
obrigada
mfc,
A ternura é o que permanece. Pelo menos para quem não abdica dela. Pode-se ter ternura ou ser-se ternura. Uma palavra de que eu gosto, especialmente.
Obrigada
Um grande abraço pelo abrigo poético que encontro nas suas palavras, nestes dias de chuva criselina.
ResponderEliminarbj
João
Obrigada João.
ResponderEliminarSeja sempre bem vindo a este abrigo de palavras.
Bj
Filipa
que belíssima prosa poética
ResponderEliminargostei muito.
um beij
Piedade Araújo Sol,
ResponderEliminarEu é que agradeço.
Bj
Creio que todos nascemos com essas asas pequeninas, mas por vezes esquecemo-nos de as usar, ou de como as usar...
ResponderEliminarIsa Lisboa,
ResponderEliminarÉ a sua leitura. É essa que importa. Gosto de tentar escrever assim...para vários possibilidades de leitura.
Obrigada