domingo, 26 de fevereiro de 2012

Embrulhos de vida, a caminho da foz


Cada vez que se perdia um laço, ou amarrotava, inadvertidamente uma história, era necessário recomeçar...
Embrulhos pequenos, de todas  as coisas ditas. De todas as coisas pensadas. De todos os gestos perfeitos e menos-que-perfeitos. Dos ensaios das histórias, em passos largos de imaginação.
Todos eles, empacotados cuidadosamente. Um a  um. Sem esquecer nem um dito, nem um arrependimento, nem um sorriso, oferecido a quem se esqueceu de passar, há uma hora da tarde, pontualmente, no final do cruzamento, onde acaba a constância da terra e começam os limites vagarosos do mar.
Era assim, todos os finais de dia.
Com o vagar da memória, a orientar-lhe os gestos repetidos da tesoura,  nos papeis coloridos e nos laços, que por vezes  teimavam em escorregar. Desacerto, de acontecidos...
Seguiriam no barco do romper da aurora.
Como destino, o  passado bem arrumado, ao fundo do rio,  depois da curva de si e, de todos.  A caminho da imensa foz. Onde um dia desaguariam serenamente,  todos os pedaços  assim, cuidadosamente  embrulhados, da sua  vida .

 (a fotografia é do fotógrafo Mário Castello)

19 comentários:

  1. Gostei muito... Estou esperançoso de "desaguar serenamente nos destinos, ao romper da aurora"! ;)

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  2. Obrigada Tiago. Desaguará certamente. Em pedaço coloridos de vida.

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  3. Filipa, como sempre maravilhoso.
    E que desaguem em pedaços alegres e coloridos.
    Uma excelente semana

    Lucia

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  4. Também há quem não guarde os pedaços mas os vá deixando, semeados pelos terrenos que ficam para trás. :))

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  5. George Sand,
    A foz a enigmática foz onde se encontrará a serenidade? Talvez o rio seja o fio condutor. Gostei muito!
    Beijinho.:)

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  6. Um dia eu quis embrulhar os pedaços de mim, mas tudo o que consegui foi deixar na frouxidão do laço, a sugestão: desata-me, eu ainda estou aqui! Tal qual, folhas ao vento, eles se espalharam na varanda da casa solidão e até hoje, não conhecem o caminho da foz...

    Belo texto! Um rio de palavras a desaguar emoções. Obrigada!

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  7. Sim, suponho que por vezes fazemos embrulhos, assim, pequenos... Talvez para sabermos melhor como recomeçar...

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  8. As memórias são-nos preciosas enquanto nos fazem orientar!

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  9. Obrigada Isabel Bj

    Lucia,
    Gosto que goste.
    Uma boa semana também para si.
    Bj

    Luisa,

    Também Luísa. No fundo, haverá sempre alguns bocados de vida que escapam dos embrulhos...

    Ana
    Obrigada.
    Sempre a Foz. É de facto uma imagem recorrente...por muito motivos
    beijinho

    Julieta

    A solidão e o silêncio: dois aliados preciosos para nos lavar os olhos, de vez em quando.Nessa viagem de emoções, que é a vida.
    Ainda bem que gostou.

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  10. Usa Lisboa,

    É uma ideia...a dos embrulhos pequenos, para podermos recomeçar. Se fossem grades perderíamos o rumo?...
    Obrigada

    mfc,

    Memórias enquanto experiências...para nos ajudarem a fazer escolhas. Aí está um bom ponto de vista.

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  11. nós e as nossas memórias, pequenas, grandes, sempre à mão ou onde as possamos encontrar.

    Como sempre, um texto rico de moções.

    Bjs

    Olinda

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  12. Mar Arável,

    Assim, se navega a vida

    Olinda Melo,

    Obrigada. como sempre as suas palavras de estímulo :)
    Bjs

    Daniel Santos,
    Obrigada Daniel. Gosto que goste.

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  13. Uma vida pode ter vários destinos!

    beijos :)

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  14. Pearl,

    Uma vida pode e deve ter muitos destinos.
    Obrigada e volte sempre.
    Bj

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