sábado, 20 de outubro de 2012

A respirar palavras



Era absolutamente indispensável. Não concebia nenhuma manhã, sem inspirar palavras. Todas as palavras que pudesse.
Nem nenhuma tarde, em que o abdómen não se contraísse, a ponto de deixar sair, em catadupa, as frases. Já construídas, numa digestão lenta, de todas as memórias.
Respirava escrita do nascer do dia, ao ocaso, da sua história.
Tinha sido assim, desde o dia em que nascera. Para espanto d

e todos os que viam os seus ditos e, mesmo os seus pensamentos, serem engolidos, ali mesmo, às golfadas.
Não era preciso muito para inspirar as palavras. Por vezes bastava só isso: a proximidade de um pensamento...

Depois, ia devagarinho, pela sombra dos sorrisos, ou pela contracurva das emoções, de boca entreaberta. E, na quietude que se entardecia, expirava, então...

7 comentários:

  1. Entendo-a bem, também preciso respirar palavras...!
    Beijos

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  2. abria a boca e entrava mosca...

    delicioso texto.

    abraço

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  3. Olá , passei pela net encontrei o seu blog e o achei muito bom,
    li algumas coisas folhe-ei algumas postagens,
    gostei do que li e desde já quero dar-lhe os parabéns,
    quando encontro bons blogs sempre fico mais um pouco meu nome é: António Batalha.
    Deixo-lhe a minha bênção.
    E que haja muita felicidade e saúde em sua vida e em toda a sua casa.
    PS. Se desejar seguir o meu blog,Peregrino E Servo, fique á vontade, eu vou retribuir.

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