sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Recta Absoluta




Devagarinho, acomodou-se ao nicho. As pernas de encontro ao queixo, no único lugar que lhe permitiria permanecer, até que a luz o invadisse de novo.
Toda a noite as badaladas ecoaram um sibilante: tzim tzum, tzim tzum, tzim tzum sem que uma única fresta lhe traçasse  um caminho.
Seria qualquer um, esse caminho, menos  o da escuridão… Tizm tzum, tzim tzum, tzimtzum
Adormeceu algures entre a terra, o seu coração e a eternidade, embalado pela branda presença do som que lhe lembrava um outro amanhecer.Quando acordou,  reparou que a única porta fechada lhe estendia uma recta absoluta. Com os olhos semiabertos, decidiu-se então começar a caminhar.

Imagem: Quadro de nadir Afonso

4 comentários:

  1. Um caminho sem fim à vista.
    Escolha única e quase forçada.
    Mesmo assim, corajosa...

    Belo o quadro de Nadir Afonso.

    Beijo

    Olinda

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    1. As escolhas têm que ser corajosas sejam elas as que forem.
      Beijo Olinda e obrigada

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  2. há caminhos assim - rectas absolutas!
    sem regresso.

    abraço

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    1. Pois há, são escolhas que se tornam o motor da vida.
      Um abraço

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