sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Absoluto




Despedi-me do mundo, das coisas, dos acenos e das respostas e entrei.
A casa pareceu-me o absoluto.
Se felicidade houvesse, ela estaria toda ali, entre as linhas paralelas das portas abertas e as perpendiculares desenhadas na janela curta  ao fundo da cozinha.
Lá em baixo o saguão transpirava.
Ouvia-se a transpiração do saguão e um arfar contínuo das paredes que se comprimiam em redo  do espaço cerrado.
Era de facto, o absoluto. Ou então, o mais parecido com o absoluto.
 Um mar de respostas adormecia em cada um espaços, côncavos, deste lugar.
 Nenhuma abertura e nenhuma paisagem.
Sentei-me de costas e comecei então a perguntar-me…


Fotografia de Ben Goossens



6 comentários:

  1. Uma "realidade suprema, independente de todas as demais".
    Contudo, ainda há perguntas a fazer. Ou não seríamos um
    composto de inquietude, visando o infinito.

    Beijo

    Olinda

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  2. Sempre Olinda. Sempre Muitas perguntas a fazer mesmo que não tenhamos nenhuma resposta.
    Beijo e bom fim de semana

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  3. Respostas
    1. Muito provavelmente, não. A grande maioria das pessoas será profundamente infeliz assim. A não ser que este seja um caminho... para outras paisagens.
      Obrigada pelo comentário.

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  4. "Nenhuma abertura e nenhuma paisagem"?
    era absolutamente o Absoluto - quero dizer, Nada!

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    1. Nada de nada. Será que no nada se pode encontrar o caminho de quase tudo?!
      Obrigada Manuel. Sempre muito bem vindo

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