segunda-feira, 12 de março de 2018

Abraço de olhar




Abracei-te o olhar num dia em que não havia vento nem sombras nem nenhuma tarde, por mais pequena que fosse, estendida ao sol. Só o tempo, num galope desenfreado por entre os pingos grosso da chuva que se escorria devagar. Tão devagar.
Primeiro segurei-te o canto  olhos com as minhas pestanas, suavemente. E com vontade. Muita vontade. Depois, fiz deslizar uma a uma as minhas lágrimas, plenas que se refundiram na tua água.
Era de um azul macio a tua água. Era cinza o meu olhar.
A noite que chegou entretanto, embalou-se de um verde-quase-tudo por entre as luzes baças e mudas.
Dançamos,  até ao nascer de mim.

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