quinta-feira, 23 de maio de 2024

Lubnan - Líbano

 

Lubnan - Libano

O tempo escoava-se  nos passos apressados,
A agarrar as esquinas,
Num cais negro de ausência e medo.
Água que se transbordava e nos transbordava.
Sons e sombras, sons e sombras, alternados com paisagens decoradas,
Feitas de quarteirões traçados a esquadro,
Milimétricos e vazios.
Sem rastos,
Sem rostos,
Sem nenhuma cor.

Dois barcos e o medo a transpirar-nos de mansinho.
Tempo recontado ao segundo.
Ao largo, uma sombra apenas, pairava.
Pontos presos no infinito e traçados oblíquos galgavam à frente dos nossos passos
Num cenário de urgência e água.

Éramos apenas cinco e podíamos ser outros tantos
Os passos abafados na urgência a percorrerem céleres o caminho
Certos de que na volta não nos lembraríamos de nada
Nem de ninguém

O cais desviou-nos para sempre o olhar,
E o mergulho esgotou-nos
No horizonte que nos resgatou.
Viemos. Chegámos.
Lá longe ficou a cidade
Para sempre adormecida. 

F.V.J

Imagem: "O Emir do Líbano"  De Jozsef Borsos